Entre agosto de 2024 e julho de 2025, o MT Hemocentro, único banco de sangue público de Mato Grosso, realizou cerca de 4.800 exames laboratoriais destinados à viabilização da captação de órgãos e tecidos para transplante. A unidade, ligada à Secretaria de Estado de Saúde (SES), desempenha papel fundamental no processo de triagem de doadores.
A coleta e análise do material biológico é feita em parceria com a Central Estadual de Transplantes (CET), responsável por captar potenciais doadores com diagnóstico de morte encefálica. A cooperação técnica com o MT Hemocentro permite a realização de exames essenciais para validar a segurança e a compatibilidade dos órgãos, contribuindo para salvar vidas de pacientes na fila de espera.
Além de atuar na distribuição de sangue para unidades de saúde e na captação de doadores de medula óssea, o Hemocentro é referência em exames de sorologia, imuno-hematologia e biologia molecular. Esses testes detectam infecções como HIV, hepatites e outras doenças transmissíveis, reduzindo riscos e garantindo a qualidade dos transplantes.
O diretor do MT Hemocentro, Fernando Henrique Modolo, destaca que a parceria com a CET foi formalizada em 2019 e cresceu significativamente desde então. “Começamos com exames para um ou dois candidatos à doação por mês. Hoje, atendemos cerca de 20 potenciais doadores mensalmente, o que torna esse trabalho imprescindível para garantir celeridade, segurança e qualidade no processo”, ressaltou.
Apenas entre janeiro e junho deste ano, foram realizados exames em 119 pacientes. Ao todo, de 2021 a 2024, foram analisadas amostras de 516 potenciais doadores com morte encefálica. A unidade disponibiliza 18 exames laboratoriais voltados especificamente à triagem desses casos.
Segundo a coordenadora da CET, Anita Ricarda da Silva, o MT Hemocentro é responsável pelo painel sorológico e tipagem sanguínea. Já o Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso (Lacen), também vinculado à SES, realiza exames de biologia molecular para detectar patógenos respiratórios como SARS-Cov-2, influenza A e B, adenovírus, rinovírus e vírus sincicial respiratório.
A validação da compatibilidade genética entre doador e receptor é feita pelo Laboratório de Imunogenética do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, que conduz os testes de histocompatibilidade — uma etapa crucial para evitar rejeição do órgão transplantado.
A CET já viabilizou seis captações de múltiplos órgãos somente em 2025, resultando na coleta de um coração, quatro fígados e doze rins, o que possibilitou o transplante em 15 pacientes. Também foram registrados 171 doadores de córneas, que permitiram a realização de 195 transplantes no mesmo período. No total, ao longo de 2024, foram contabilizadas 13 captações de múltiplos órgãos no estado, incluindo 22 rins, 10 fígados e 4 corações.
A diretora do Lacen, Elaine de Oliveira, destacou que o laboratório já analisou 806 amostras entre 2020 e 2024. Somente neste ano, foram testadas 287 amostras, totalizando mais de dois mil testes até julho de 2025. “Essas amostras têm prioridade máxima. O resultado é liberado em até quatro horas, com o painel respiratório completo, o que garante agilidade na liberação dos órgãos”, explicou.
O trabalho conjunto entre os laboratórios e a Central Estadual de Transplantes tem sido essencial para transformar a generosidade dos doadores em esperança para quem aguarda um transplante.