A NASA negou nesta segunda-feira (10) que a brasileira Laysa Peixoto tenha passado por qualquer tipo de treinamento oficial para astronauta ou que integre o corpo de formação da agência. A jovem, que se apresenta nas redes sociais como astronauta e futura tripulante de uma missão ao espaço pela empresa Titans Space, não consta em registros oficiais de nenhuma das instituições que ela afirma ter vínculo.
Em 2022, Laysa já havia declarado ter concluído um “treinamento de astronauta” pela NASA. Entretanto, a agência confirmou ao g1 que não reconhece Laysa como candidata ou participante de qualquer programa de formação. O curso citado pela jovem foi realizado no U.S. Space & Rocket Center, no Alabama — uma instituição educacional voltada ao público civil, sem relação direta com a formação de astronautas.
Além disso:
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) afirmou que Laysa foi desligada do curso de Física após não se matricular no segundo semestre de 2023;
A Universidade Columbia, nos EUA, disse não encontrar registros de matrícula ou mestrado em nome dela;
A Titans Space, empresa privada que vende viagens espaciais por US$ 1 milhão, confirmou que Laysa foi "selecionada", mas não esclareceu se ela participará como astronauta ou turista. O nome dela não consta na lista oficial da equipe técnica no site da empresa;
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) declarou que a Titans Space não possui licença para voos espaciais tripulados.
Uma das imagens mais divulgadas por Laysa, em que aparece com um capacete com o logo da NASA, também levanta dúvidas. A versão publicada em seu Instagram não exibe o logotipo, o que sugere que a marca pode ter sido adicionada digitalmente em outra postagem.
Apesar das inconsistências, Laysa manteve a versão de que será a “primeira brasileira a ir ao espaço”. Procurada pelo g1, informou que responderia apenas por meio de assessoria, que até o momento não apresentou qualquer documentação comprobatória.
A NASA define critérios rígidos para seleção:
Título de mestre em áreas como engenharia, física, biologia, matemática ou ciência da computação;
Pelo menos 2 anos de experiência profissional ou 1.000 horas como piloto em comando de jatos;
Aprovação em um rigoroso exame físico e psicológico.
Especialistas em astronomia reforçam que o caminho para o espaço envolve anos de formação técnica e científica. “Não basta querer, é um processo longo, com alta exigência física e intelectual”, afirmou o físico Guilherme da Silva Lima, da UFMG.
Laysa Peixoto pode ter participado de um programa educacional no exterior, mas não é astronauta e não faz parte de nenhuma missão oficial da NASA ou de instituição credenciada. A trajetória apresentada por ela nas redes sociais entra em conflito com os dados verificados por universidades, órgãos espaciais e autoridades regulatórias.