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Quarta, 12 de agosto de 2020 - 13:58:59
No Whats, garoto disse que não havia bala na câmara da arma
POLÍCIA
Namorado de adolescente, que levou arma até o local da tragédia, trocou mensagens com irmão

E mensagem enviada ao seu irmão mais velho, o namorado da menina que atirou e matou Isabele Guimarães Ramos afirmou que a arma não estava pronta para o disparo quando foi deixada na casa da garota. A mensagem foi encaminhada minutos depois de Isabele ser morta.

A informação consta no laudo da perícia feita no celular do adolescente e do irmão pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).

O adolescente não estava no local no momento em que ocorreu a tragédia, mas foi ele quem levou a arma até a residência da namorada. 

Isabele foi atingida com um tiro no rosto, por uma arma que estava sendo segurada pela melhor amiga, da mesma idade. A tragédia ocorreu na noite do dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá.

De acordo com o laudo, o irmão do adolescente chegou ao condomínio para buscá-lo e às 22h02 mandou a mensagem: “Bora bora”. Minutos depois, por volta das 22h27 o irmão questiona o adolescente sobre o que acontecera naquela noite.

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A troca de mensagens entre irmãos

“O que aconteceu cara/ Se deixou ela [arma] com munição? Fala a vdd [verdade]”, diz o irmão na sequência de mensagens.

O garoto responde imediatamente: “Não sei tbm [também]/ Tava no carregador/ mas não na câmara”, disse.

Em linhas gerais, o adolescente afirmou que o carregador estava inserido na pistola, mas não havia bala na câmara. Ou seja, para que houvesse um disparo, a arma teria que ser manobrada e não somente apertado o gatilho.

"Na figura [...] é possível identificar que [o irmão mais velho] perguntou [ao namorado da garota] se o mesmo deixou a arma carregada, [que] afirma que deixou a arma com munição no carregador, mas que não havia munição na câmara", diz trecho do laudo.

A sequência de mensagens continua. "Pqp/Acertou alguém? Oq q aqueles guri falaram?", questiona o irmão mais velho em seguida.

O adolescente então responde: "A guria morreu/ Eu não to entendendo nada/ Pura que paril".

E o irmão interpela: “Que guria mano/ N comento com ngm/ Que guria mano?”, insiste o mais velho. 

Após o diálogo, uma série de mensagens é apagada. A perícia, no entanto, não conseguiu recuperar os trechos deletados. 

“Cabe ressaltar que não foi possível a recuperação/restauração das mensagens em questão”, diz outro trecho.

Depoimento

 

Em depoimento à Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), o adolescente confirmou que foi ele quem levou a arma que ceifou a vida de Isabele à casa da namorada. Além desta, ele levou uma outra pistola.

 

Segundo ele, o carregador estava inserido na pistola, mas não havia bala na câmara. Ou seja, para que houvesse um disparo, a arma teria que ser manobrada e não somente apertado o gatilho.

O adolescente de 16 anos não estava no local no momento em que ocorreu a tragédia. Seu depoimento à DEA se concentrou no transporte das armas até a residência. 

O menor ainda contou que só teve conhecimento de que levara duas armas à casa da namorada quando já estava no local. Isto porque, no dia anterior à tragédia, ele havia ido – na companhia de seu pai - ao clube de tiro que frequentam. Ao final da aula, ele guardou a sua arma em um case (maleta).

Na sequência, sem que ele visse, seu pai também guardou uma segunda pistola no mesmo case.

 

Ainda em seu depoimento, o menor disse que levou a arma até a casa de sua namorada a pedido do próprio sogro, o empresário Marcelo Cestari, que é praticante de tiro esportivo. Isto porque, ainda durante a aula de tiro, ele teria dito que a arma precisava de alguns ajustes.

 

Desta forma, Marcelo Cestari lhe pediu que levasse a pistola até sua residência para que ele fizesse tal ajuste.

 

Os advogados do adolescente disseram que os laudos "expostos indevidamente" apenas atestam que o menor não estava no local dos fatos. A defesa diz ainda "que não havia sequer munição na câmara e que as conversas com o irmão que não foram restauradas, não dizem respeito a cena do crime, pois sequer se encontrava no local no momento do ocorrido".

A defesa informou ainda que já colocou o adolescente à disposição das autoridades para esclarecer o teor das mensagens não restauradas, "independentemente se são ou não pertinentes para às investigações".

 

O caso

 

Isabele Ramos foi atingida com um tiro no rosto, por uma arma que estava sendo segurada pela melhor amiga, também de 14 anos.

 

À polícia, a adolescente que atirou disse que foi em busca da amiga no banheiro do seu quarto levando em mãos duas armas.

 

Em determinado momento, as armas, que estavam em um case, caíram no chão. “A declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto", revelou a menor em depoimento.

 

"Que em decorrência disso, sentiu um certo desequilíbrio ao segurar o case com uma mão, ainda contendo uma arma, e a outra arma na mão direita, gerando o reflexo de colocar uma arma sobre a outra, buscando estabilidade, já em pé. Neste momento houve o disparo", acrescentou.

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