Os físicos John Clarke, Michel H. Devoret e John M. Martinis venceram o Prêmio Nobel de Física de 2025 por experimentos que demonstraram efeitos quânticos em circuitos elétricos macroscópicos — descobertas que lançaram as bases da computação quântica moderna.

Ligados a universidades dos Estados Unidos, os três pesquisadores dividirão igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões). Seus trabalhos provaram que as leis da mecânica quântica, tradicionalmente observadas apenas em partículas subatômicas, também se aplicam a sistemas grandes o suficiente para caber na palma da mão.

Os cientistas criaram circuitos supercondutores separados por uma camada isolante, formando uma junção Josephson. Durante os testes, observaram o fenômeno do túnel quântico, em que a corrente atravessa barreiras de energia aparentemente intransponíveis. O sistema, composto por bilhões de partículas, se comportava como uma única partícula gigante obedecendo às leis quânticas.

Essas descobertas mostraram que o circuito absorve e emite energia em quantidades discretas — princípio conhecido como quantização de energia —, essencial para o desenvolvimento dos qubits, os blocos fundamentais dos computadores quânticos.

“Esse Nobel mostra que a física quântica saiu do mundo invisível dos átomos e entrou nas tecnologias do dia a dia”, afirmou o professor José Rafael Bordin, da Universidade Federal de Pelotas. Segundo ele, o feito dos laureados “dissolve a fronteira entre ciência fundamental e aplicação tecnológica”.

O físico Gabriel Fernandes, da UFSCar, destacou que o trabalho foi decisivo para o surgimento dos qubits supercondutores, hoje base da computação quântica e de algoritmos com aplicações em farmacologia, finanças e segurança de dados.

O comitê do Nobel ressaltou que as descobertas de Clarke, Devoret e Martinis representam um marco na transição entre a teoria quântica e sua aplicação prática, impulsionando uma nova era tecnológica.

O Nobel de Física de 2024 havia sido concedido aos pesquisadores John Hopfield e Geoffrey Hinton, pioneiros da inteligência artificial.