A vitória da venezuelana María Corina Machado no Prêmio Nobel da Paz de 2025 teve origem em uma indicação formal apresentada em agosto de 2024 pelo então senador da Flórida, Marco Rubio, ao Comitê Norueguês do Nobel. A proposta foi assinada também por outros parlamentares republicanos, como Rick Scott, Mario Díaz-Balart, María Elvira Salazar, Michael Waltz, Neal Dunn, Byron Donalds e Carlos Gimenez.

No documento, os congressistas descreveram Machado como “símbolo de esperança e resiliência de um povo que há 25 anos enfrenta a opressão do regime de Nicolás Maduro” e destacaram sua “coragem e moralidade” diante da repressão. O texto, disponível no site oficial do senador Rick Scott, defendia o reconhecimento de seu “compromisso incansável com a restauração da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”.

A nomeação, amplamente apoiada por Washington, foi interpretada como um gesto político de pressão sobre o governo chavista, que garantiu a reeleição de Maduro em 2024 em meio a acusações de fraude e perseguição à oposição.

Segundo fontes do governo americano, Rubio planeja visitar o Brasil nas próximas semanas para discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a posição brasileira em relação à crise venezuelana. O encontro deve incluir também tratativas sobre a reabertura dos canais diplomáticos entre Caracas e Washington, fechados durante o governo Trump.

Apesar de o nome de Machado ter sido proposto por um aliado republicano, a Casa Branca reagiu com críticas à decisão do Comitê Norueguês. O diretor de comunicação Steven Cheung afirmou que a escolha “coloca a política à frente da paz” e reiterou que Donald Trump seria o verdadeiro merecedor do prêmio.

Em Washington, havia forte expectativa de que o presidente americano fosse o agraciado. O próprio Trump já havia declarado diversas vezes que “merecia o Nobel” por seus esforços para encerrar conflitos internacionais. “Trump seguirá firmando acordos de paz, encerrando guerras e salvando vidas. Ele tem o coração de um humanitário. Não existe e jamais existirá alguém como ele, capaz de mover montanhas pela força da própria vontade”, afirmou Cheung em nota.

O Comitê do Nobel, composto por cinco membros indicados pelo Parlamento norueguês, realiza as deliberações em Oslo sob rigoroso sigilo. Conforme o testamento de Alfred Nobel, o prêmio da Paz é o único entregue na Noruega, e não na Suécia, e deve reconhecer indivíduos ou organizações que promovam fraternidade entre as nações, reduzam forças militares e fomentem a paz mundial.