Foto: Bruno Kelly/Reuters
Thursday, 06 de November de 2025 - 15:59:24
Noruega anuncia investimento de US$ 3 bilhões no Fundo Floresta Tropical para Sempre
COP30 E FINANCIAMENTO AMBIENTAL

A Noruega confirmou que vai investir US$ 3 bilhões no Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), iniciativa global de financiamento ambiental lançada oficialmente nesta quinta-feira (6) em Belém, durante a Cúpula de Líderes que antecede a COP30. O anúncio foi confirmado por fontes presentes no encontro à agência Reuters. A Alemanha também demonstrou interesse em contribuir, mas ainda não definiu o valor.

O TFFF, proposto pelo governo brasileiro em abril, tem como objetivo criar uma estrutura permanente de pagamentos a países tropicais que mantêm suas florestas preservadas, reconhecendo seu papel na regulação climática global. O modelo aplica uma lógica de mercado ao financiamento ambiental, com previsão de captar cerca de US$ 125 bilhões em investimentos privados. O rendimento dessas aplicações — estimado entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões anuais — será usado para remunerar nações que comprovarem a redução do desmatamento, de forma proporcional à área conservada.

De acordo com o plano, o fundo busca transformar a conservação das florestas em um ativo econômico global. O Banco Mundial será responsável pela administração dos recursos, enquanto o TFFF cuidará da distribuição e do monitoramento, com base em imagens de satélite. O pagamento será feito apenas a países que mantiverem o desmatamento abaixo de 0,5% ao ano.

A iniciativa pretende reunir até 74 países com florestas tropicais e subtropicais, como Brasil, Indonésia, República Democrática do Congo, Gana e Malásia. O Brasil se comprometeu a investir US$ 1 bilhão no fundo e a liderar o projeto. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “as florestas tropicais são fundamentais para manter o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C. O TFFF não é caridade, é um investimento na humanidade”.

O modelo difere de mecanismos anteriores, como o REDD+, criado pela ONU, que recompensa países apenas pela redução de emissões de carbono. O TFFF amplia essa lógica ao oferecer pagamentos diretos pela floresta em pé, sem depender exclusivamente dos créditos de carbono.

Apesar de elogiado por seu potencial inovador, o fundo tem enfrentado críticas de organizações ambientais. Entidades como o Greenpeace alertam para a dependência excessiva de investidores privados e o risco de concentração de poder em países desenvolvidos. Também há preocupação quanto à transparência na destinação de recursos a comunidades indígenas e povos tradicionais.

A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, afirmou que o mecanismo “é um passo na direção certa”, mas precisa de ajustes para garantir que o dinheiro chegue de forma justa às comunidades que protegem as florestas.

O TFFF é uma das principais apostas do Brasil na COP30, que será sediada em Belém em 2026. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o fundo representa “uma virada de chave” ao transformar a preservação ambiental em uma oportunidade de investimento global. “Já exploramos demais a natureza para gerar recursos. Agora é hora de usar esses recursos para protegê-la”, declarou.

Texto/Fonte: G1