Foto: Seth Wenig/AP
Tuesday, 23 de September de 2025 - 09:59:50
O que esperar do primeiro dia de discursos na Assembleia Geral da ONU
LÍDERES MUNDIAIS SE PREPARAM PARA DISCURSOS NA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU

A abertura da Assembleia Geral da ONU de 2025, marcada para terça-feira (23), reúne líderes de 193 países para discutir temas globais. A sessão deste ano terá como foco central o futuro da Faixa de Gaza, em meio à crise humanitária que já dura quase dois anos, além de outras questões internacionais relevantes, como a guerra na Ucrânia e tensões políticas regionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o primeiro a discursar, mantendo a tradição do Brasil de abrir o debate. Em sua fala, ele deve reforçar posições diplomáticas contra a “guerra tarifária” promovida por Donald Trump, sem ataques diretos, e defender a preservação ambiental, a transição energética e reformas em organismos internacionais. Lula também abordará os conflitos na Ucrânia e em Gaza, defendendo negociações entre Rússia e Ucrânia e a criação de um Estado palestino que conviva com Israel.

O presidente americano, Donald Trump, ocupará a tribuna logo após o Brasil. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ele reafirmará críticas à decisão de vários países de reconhecer a Palestina, a qual considera “uma recompensa ao Hamas”. Trump também deve discutir o impacto das instituições globalistas sobre a ordem mundial e propor medidas para conter a migração global, incluindo sistemas que limitem pedidos de asilo.

Fontes do governo americano informaram que Trump pretende “deixar sua marca” e apresentar sua filosofia de atuação internacional, enquanto um alto funcionário europeu destacou a crescente dependência de aliados tradicionais em relação aos Estados Unidos, ressaltando a imprevisibilidade do presidente. Além de EUA e Brasil, cerca de 30 países, incluindo França e Portugal, que recentemente reconheceram a Palestina, discursarão na primeira rodada.

A Assembleia Geral da ONU ocorre anualmente em Nova York e envolve governantes e autoridades de todos os Estados-membros, com seis dias de sessões. O Debate Geral, principal encontro do evento, não envolve discussões diretas entre países: cada Estado apresenta seu ponto de vista sobre o tema do ano, que em 2025 é “Melhores juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos”. Estados observadores, como a Santa Sé, o Estado da Palestina e a União Europeia, também têm direito a discurso.

Durante os debates, críticas entre países são frequentes e podem gerar pedidos formais de direito de resposta, limitados a dois por Estado, com duração máxima de 10 e 5 minutos, respectivamente. É comum delegações se retirarem do plenário em protesto, prática adotada historicamente por Israel e Irã.

Outros assuntos que devem ser abordados incluem o cessar-fogo em Gaza, liderado por França e Arábia Saudita, a guerra na Ucrânia, com discursos de Volodymyr Zelensky e Sergei Lavrov, e tensões entre EUA e Venezuela, com Yvan Gil representando o país latino-americano. A atenção também estará voltada para possíveis medidas americanas contra a Rússia e para o impacto dos conflitos no Oriente Médio.

O limite voluntário de tempo para os discursos é de 15 minutos, embora registros históricos mostrem exceções: Fidel Castro falou por mais de quatro horas e meia em 1960, e Muammar Gaddafi por mais de uma hora e meia em 2009.

O encontro reafirma o papel do multilateralismo, promovendo cooperação entre países para enfrentar desafios globais, diferentemente do unilateralismo ou do bilateralismo. Organismos como a ONU, a Organização Mundial do Comércio e blocos regionais como o Mercosul são espaços em que essas decisões coletivas são construídas.

Texto/Fonte: G1