Foto: Prefeitura de Praia Grande e Reprodução
Tuesday, 16 de September de 2025 - 07:38:54
O que se sabe sobre o assassinato do delegado Ruy Ferraz Fontes no litoral paulista
EXECUÇÃO DE EX-DELEGADO EXPÕE PODER DO CRIME ORGANIZADO EM SÃO PAULO

A morte do delegado aposentado Ruy Ferraz Fontes, 68 anos, ocorrida em Praia Grande (SP), expôs novamente a ousadia do crime organizado no estado. O ex-chefe da Polícia Civil paulista foi executado com fuzis na manhã de sexta-feira (12.9), em um atentado que ainda levanta diferentes linhas de investigação.

De acordo com a Polícia Militar, o carro de Ferraz Fontes foi perseguido por criminosos até colidir contra um ônibus e capotar. Informações iniciais apontam que o delegado já havia sido atingido por disparos durante a perseguição. Logo após o acidente, dois homens desceram de um veículo, caminharam até o automóvel da vítima e efetuaram mais de 20 tiros de fuzil. O delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, afirmou que carregadores da arma foram encontrados no local e que os disparos atingiram diversas partes do corpo da vítima.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou a morte de Ferraz Fontes ainda no local. Uma mulher e um homem que passavam pela rua também foram baleados, mas foram socorridos e transferidos ao Hospital Municipal Irmã Dulce, sem risco de morte.

As autoridades já trabalham com duas hipóteses principais: vingança por sua atuação histórica contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), ou represália a decisões tomadas durante sua gestão como secretário de Administração de Praia Grande, cargo que assumiu em 2023. Para o professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, o crime é um retrato da força do PCC. “Ele foi uma das pessoas que prendeu Marcola. Ser executado dessa forma mostra o poder do crime organizado e a ousadia que ainda existe em São Paulo”, destacou.

Ferraz Fontes tinha trajetória marcada pelo enfrentamento à facção criminosa. No início dos anos 2000, chefiando a 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, conduziu investigações que mapearam a estrutura do PCC e prenderam lideranças, incluindo Marcola. Em 2006, em meio à onda de ataques da facção após transferências de presos, seu nome ganhou destaque pela atuação firme.

Entre 2019 e 2022, o delegado comandou a Polícia Civil de São Paulo, indicado pelo então governador João Doria. Nesse período, foi responsável pela transferência de chefes do PCC para presídios federais, medida considerada estratégica para enfraquecer a facção dentro dos presídios paulistas. Além disso, foi professor de Criminologia e participou de cursos no Brasil, França e Canadá.

As investigações seguem em andamento. Imagens de câmeras de segurança mostraram que três criminosos desceram do carro, sendo que um deu cobertura enquanto os outros dois disparavam contra o delegado. Pouco depois, a polícia encontrou em chamas um veículo suspeito de ter sido usado no crime.

As perícias ainda estão em curso, e a Polícia Civil não descarta nenhuma linha de apuração.

Texto/Fonte: G1