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Thursday, 06 de November de 2025 - 15:54:39
Operação internacional derruba aplicativos de streaming ilegais usados no Brasil
COMBATE À PIRATARIA DIGITAL

Uma operação internacional resultou na derrubada de 14 plataformas de streaming pirata que operavam na América Latina, muitas delas utilizadas no Brasil por meio de aparelhos de TV box não homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Segundo a Alianza contra a pirataria audiovisual, a ação deve atingir até 28 serviços até o fim de novembro.

Entre os aplicativos desativados estão My Family Cinema, TV Express, Vela Cinema, Cinefly e Samba TV. As plataformas cobravam mensalidades entre US$ 3 e US$ 5 (R$ 16 a R$ 27) e ofereciam acesso a filmes, séries e transmissões esportivas de forma ilegal. No total, cerca de 6,2 milhões de assinantes estavam ativos — 4,6 milhões apenas no Brasil. A Alianza estima que o esquema movimentava entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões por ano (até R$ 1 bilhão).

A investigação começou em 2024, após denúncia da Alianza sobre o aplicativo MagisTV (também conhecido como UniTV e HTV), que disponibilizava conteúdo protegido por direitos autorais. Representantes da associação adquiriram TV boxes em revendedores diferentes e, com base nas informações coletadas, apresentaram uma denúncia formal ao Ministério Público Fiscal de Buenos Aires.

Com autorização judicial, a polícia argentina realizou, em agosto de 2025, buscas em quatro escritórios que aparentavam ser empresas legítimas, mas que funcionavam como centros de operação do esquema. Em um deles, cerca de 100 funcionários trabalhavam com carteira assinada. As autoridades apreenderam 88 notebooks, 37 discos rígidos, 568 cartões de recarga, além de R$ 56 mil em dinheiro e criptomoedas equivalentes a R$ 640 mil.

Segundo Jorge Alberto Bacaloni, presidente do conselho da Alianza, a escolha da Argentina como base do esquema se deve ao câmbio favorável e à mão de obra qualificada. Apesar de o país ter um mercado pequeno para TV boxes ilegais, era considerado um local discreto para operações voltadas a mercados maiores, como o Brasil e o México. “No Brasil há um mercado enorme. Mas ninguém procuraria uma base em um país com menos demanda, o que dificultou a detecção”, explicou.

A estrutura técnica dos serviços estava hospedada na China, o que retardou a desativação completa dos aplicativos mesmo após a operação policial.

A Anatel, embora não tenha participado diretamente da investigação, reforçou que apenas aparelhos certificados pela agência podem ser usados legalmente no Brasil. Segundo o órgão, a homologação garante que os dispositivos atendam aos padrões de segurança cibernética e não causem interferência em outros equipamentos.

A agência afirma ainda atuar em conjunto com entidades como a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a própria Alianza para bloquear conteúdos piratas. “Além de permitir a pirataria, as TV boxes não homologadas representam risco de ataques hackers às redes dos usuários”, alertou a Anatel.

Texto/Fonte: G1