Foto: REUTERS/Dawoud Abu Alkas/Foto de arquivo
Friday, 22 de August de 2025 - 14:49:58
Organizações internacionais pedem cessar-fogo e abertura de fronteiras para evitar mortes por desnutrição
ONU ALERTA PARA FOME GENERALIZADA EM GAZA E ACUSA ISRAEL

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, denunciou que há fome generalizada em Gaza, causada por restrições impostas por Israel à entrada de alimentos e suprimentos, agravadas pela ofensiva militar no território. “É uma fome promovida abertamente por alguns líderes israelenses como uma arma de guerra. A fome de Gaza é prevenível e deve nos assombrar”, afirmou. Fletcher defendeu a necessidade de cessar-fogo imediato e abertura das fronteiras para permitir a entrada de ajuda humanitária.

Organizações humanitárias alertam que a situação atinge principalmente crianças. Dados do IPC indicam que pelo menos 132 mil menores de cinco anos correm risco de morte por desnutrição aguda, com mais de 41 mil casos graves. Desde o início do conflito, mais de 200 palestinos morreram de fome. O relatório da ONU aponta que toneladas de alimentos estão paradas na fronteira, impedidas de chegar à população.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou as acusações, classificando o relatório do IPC como “fabricado” para beneficiar o Hamas. Segundo Israel, mais de 100 mil caminhões de ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza desde o início da guerra, com um fluxo recente de alimentos básicos que teria atendido parte da população, embora ainda abaixo do mínimo recomendado pela ONU.

O Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, alertou que mortes por inanição podem configurar crimes de guerra, e o secretário-geral Antonio Guterres disse que o “desastre da fome produzida pelo homem em Gaza não pode ficar impune”. O episódio aumenta a pressão internacional sobre Israel, que enfrenta o Hamas desde o ataque terrorista de outubro de 2023, que matou mais de 1.200 israelenses. A ofensiva israelense deixou mais de 61.500 palestinos mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

A situação se agrava com a operação militar iniciada pelo Exército israelense na Cidade de Gaza, a mais populosa da Faixa. Segundo o porta-voz Effie Defrin, os primeiros estágios da ofensiva já começaram, e o exército controla os arredores do local. Um comandante militar afirmou que a operação será “progressiva, precisa e seletiva”, visando zonas em que o Hamas ainda mantém capacidade militar.

Enquanto isso, mediadores internacionais, como Egito e Catar, aguardam resposta de Israel a uma proposta de cessar-fogo de 60 dias aprovada pelo Hamas, que concordou em libertar metade dos reféns restantes. O governo de Netanyahu exige a liberação de todos os reféns e não demonstra intenção de implementar a trégua, aumentando a tensão humanitária e militar na região.

Texto/Fonte: G1