Durante a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) realizada nesta segunda-feira (23) em Haia, na Holanda, os países-membros concordaram em elevar o piso dos gastos com Defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB). A medida representa um salto expressivo nos investimentos militares e atende a uma antiga exigência dos Estados Unidos, especialmente reforçada após o retorno de Donald Trump à presidência.

Segundo o novo secretário-geral da aliança, Mark Rutte, todos os países integrantes concordaram com o plano em nome da defesa coletiva. “Esse aumento é ambicioso, histórico e necessário para garantir nosso futuro”, declarou ele em entrevista. Os investimentos em defesa aérea, por exemplo, deverão ser multiplicados por cinco. O objetivo é responder ao “terror mortal da Rússia vindo do céu sobre a Ucrânia”, como frisou Rutte.

O dirigente afirmou ainda que a Otan fornecerá mais de 35 bilhões de euros (cerca de R$ 221 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia em 2025. Ele classificou como “irreversível” o processo de entrada do país na aliança. Em tom firme, disse: “Caso a Rússia nos ataque hoje, nossa resposta seria devastadora.”

A cúpula também discutiu o conflito entre Israel e Irã, agravado após bombardeios conduzidos pelos EUA no último fim de semana. Rutte acusou o Irã de contribuir diretamente com a guerra na Ucrânia, ao fornecer drones do tipo Shahed para as forças russas, e defendeu a legalidade do ataque americano contra instalações nucleares iranianas.

O plano aprovado prevê que todos os membros da Otan cumpram a nova meta de 5% do PIB em Defesa, sem exceções. A Espanha, que se opunha à proposta, acabou cedendo após negociações. A Alemanha, por sua vez, anunciou que pretende atingir 3,5% até 2029, um avanço em relação aos 2,4% atuais. A Eslováquia declarou que irá adotar a meta, mas manterá autonomia sobre o ritmo de implementação.

Os gastos com Defesa, que antes giravam entre 2% e 3,5% do PIB para a maioria dos membros, devem agora ser revistos em meio ao recrudescimento das tensões geopolíticas. A decisão representa uma mudança de patamar no posicionamento estratégico da Otan frente a ameaças como Rússia, Irã e outros focos de instabilidade global.