O Pantanal brasileiro foi o bioma mais afetado pelo fogo nas últimas quatro décadas, com 62% de seu território atingido por queimadas entre 1985 e 2024. Segundo o Relatório Anual do Fogo do MapBiomas, a área devastada já soma 9,3 milhões de hectares — o equivalente a cerca de 90 mil campos de futebol. Desse total, 93% corresponde a vegetação nativa, o que agrava os danos ambientais.
Somente em 2024, a área queimada aumentou 157% em relação ao ano anterior. O município de Corumbá (MS) lidera o ranking nacional, com 3,8 milhões de hectares consumidos pelas chamas desde 1985. Já o estado de Mato Grosso do Sul aparece como o 8º mais atingido do país, com 10 milhões de hectares queimados no período.
Segundo Eduardo Reis Rosa, do MapBiomas, o fogo é parte do ciclo natural do bioma, que alterna períodos de cheia e seca. No entanto, as mudanças climáticas e ações humanas vêm intensificando a frequência e a gravidade dos incêndios. “As áreas alagadas, quando secam, ficam altamente inflamáveis. O maior problema é que a regeneração dessas áreas se torna cada vez mais difícil com as queimadas recorrentes”, explica.
Além da extensão, preocupa o fato de que 72% da área atingida já queimou duas ou mais vezes nos últimos 40 anos, prejudicando a recuperação da vegetação e impactando diretamente a fauna pantaneira.
As queimadas ocorrem, majoritariamente, entre agosto e outubro — período de seca intensa. A combinação de estiagem, calor extremo e interferência humana tem agravado a destruição. Regiões fronteiriças também sofrem: em 2024, o avanço do fogo no Paraguai levou a uma densa fumaça que coloriu o céu de vermelho na fronteira com o Brasil.
Os especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas públicas voltadas à prevenção e regeneração do Pantanal, com ações efetivas de combate ao fogo, proteção ambiental e adaptação climática.