A avaliação interna no Supremo Tribunal Federal (STF) é que o ex-presidente Jair Bolsonaro optou por uma estratégia de "tudo ou nada" diante da iminente chegada de seu julgamento por tentativa de golpe de Estado, previsto para setembro. Segundo ministros da Corte, Bolsonaro estaria intensificando a politização das ações penais como forma de mobilizar apoio popular e deslegitimar a atuação do Judiciário.

Na leitura do STF, a recente participação remota de Bolsonaro nos atos realizados em Copacabana (RJ) e em São Paulo, por meio de vídeos enviados pelos deputados Flávio Bolsonaro e Nikolas Ferreira, foi vista como uma tentativa deliberada de provocar o Supremo. A resposta do ministro Alexandre de Moraes, com o endurecimento de medidas restritivas e imposição de prisão domiciliar, foi considerada inevitável, diante do descumprimento de determinações judiciais.

Entre os magistrados, há a percepção de que novas tensões estão por vir até o julgamento do núcleo central da tentativa de golpe, no qual Bolsonaro figura como réu. Eles apontam que as manifestações e pressões externas, inclusive de autoridades dos Estados Unidos, têm como objetivo principal desviar o foco do processo, o que levou à abertura de um inquérito pela Polícia Federal para apurar tentativa de obstrução de Justiça.

Apesar das ameaças e intimidações, integrantes do STF acreditam que esses episódios servirão para reforçar o conjunto de provas contra o ex-presidente e seus aliados. A Corte mantém o entendimento de que, mais do que confrontos midiáticos, o foco deve permanecer no julgamento que pode definir o futuro político e legal de Bolsonaro.