O pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja condenado a até 43 anos de prisão provocou forte repercussão no meio político. Enquanto parlamentares governistas comemoram o avanço do processo como um marco na defesa da democracia, aliados de Bolsonaro classificam a medida como perseguição política e acusam a PGR de parcialidade.
A Procuradoria acusa o ex-presidente de liderar uma organização criminosa voltada à ruptura da ordem democrática. O envio das alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF) marca o fim da fase de instrução, e o julgamento do caso está nas mãos dos ministros da Corte.
Reações do governo
Líderes governistas elogiaram a atuação da PGR e apontaram o pedido como um passo necessário à responsabilização dos envolvidos na tentativa de golpe. A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que a denúncia “não deixa dúvidas sobre a responsabilidade total” de Bolsonaro. Já o ministro Paulo Teixeira (PT) reforçou que a medida comprova a robustez das instituições brasileiras.
“O tiro de Trump para salvar o amigo da cadeia saiu pela culatra”, ironizou o ministro, ao criticar a recente taxação de produtos brasileiros pelos EUA, vista por parte do governo como gesto político em favor de Bolsonaro.
Críticas da oposição
Parlamentares bolsonaristas reagiram com dureza. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) questionou nas redes sociais:
“A quem interessa tudo isso?”, após listar os crimes imputados ao pai.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) atacou diretamente o procurador-geral Paulo Gonet e declarou:
“A democracia foi sequestrada no Brasil. Vamos lutar para resgatá-la”.
Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) classificou o pedido de prisão como um “roteiro de vingança” e alegou seletividade por parte da PGR.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que a “suposta trama golpista” seria inverossímil e que a PGR teria ignorado casos graves como fraudes contra aposentados. Coronel Chrisóstomo (PL-RO) resumiu a posição da ala bolsonarista como “perseguição descarada”.
Governo reforça apoio institucional
Entre os aliados de Lula, a narrativa predominante é de que o processo é prova de que o Brasil não tolera ataques à democracia. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que o país vive um “grande dia” e que Bolsonaro poderá ser preso a qualquer momento. Rogério Correia (PT-MG) completou:
“A cadeia vem aí, sem dúvida”.
Próximos passos
Bolsonaro e outros sete réus são acusados de crimes como tentativa de golpe de Estado, dano ao patrimônio público e deterioração de bens tombados. A defesa do ex-presidente alega que não há provas concretas de sua participação e que ele apenas exerceu sua liberdade de expressão ao criticar o sistema eleitoral.
Com a conclusão da fase de alegações, o caso será analisado pela Primeira Turma do STF, que decidirá se há condenação e qual será a pena. Ainda não há data definida para o julgamento.
O embate em torno do processo reforça a polarização no país e evidencia a complexa articulação política que envolve o futuro judicial e eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro.