Foto: Fábio Tito/g1
Wednesday, 24 de September de 2025 - 09:38:59
Pela primeira vez, abate de vacas supera o de bois no Brasil
AUMENTO NO ABATE DE FÊMEAS MUDA PERFIL DA PECUÁRIA

Pela primeira vez desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1997, o abate de fêmeas superou o de machos no Brasil. No 2º trimestre de 2025, houve alta de 16% no número de vacas e novilhas abatidas em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o abate total de bovinos cresceu 3,9%.

As novilhas representaram 33% das fêmeas abatidas, evidenciando o aumento da produção de carne a partir de animais jovens. Segundo a gerente da pesquisa, Angela Lordão, essa tendência está ligada à demanda do mercado externo. Mesmo com os Estados Unidos caindo da segunda para a quinta posição entre os maiores compradores, países como o México ampliaram suas compras. Entre janeiro e julho, as exportações brasileiras para o mercado mexicano triplicaram em comparação a 2024, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

O ciclo de abates também influencia o cenário. Quando há expectativa de valorização do bezerro, pecuaristas mantêm vacas para reprodução, reduzindo os abates e elevando as cotações. Já quando o preço tende a cair, mais fêmeas são destinadas ao frigorífico, o que aumenta a oferta de carne e pressiona os valores no mercado.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta para 2026 uma retração de 3,5% na produção de carne bovina no Brasil, justamente em razão da contenção de fêmeas para reprodução.

Especialistas explicam que, para o consumidor, a diferença entre a carne de boi e vaca é praticamente imperceptível. No entanto, o boi, por engordar mais lentamente, é considerado de carne mais nobre e costuma ter valor mais alto. Já as vacas, principalmente as novilhas, engordam mais rápido e demandam menor custo de produção, o que explica sua presença crescente nos abates.

Além das fêmeas destinadas diretamente ao corte, também há vacas abatidas após deixarem de atuar como reprodutoras, movimento que tem ocorrido mais cedo graças aos avanços genéticos. Esses avanços permitem a introdução de matrizes jovens com características mais produtivas, tornando o rebanho mais competitivo.

No 2º trimestre de 2025, foram abatidas 1,7 milhão de novilhas contra 377 mil novilhos, consolidando a mudança no perfil da pecuária nacional.

Texto/Fonte: G1