Foto: Evaristo Sa/AFP
Friday, 18 de July de 2025 - 10:51:23
Pesquisa Quaest mostra melhora de Lula fora da base petista e impacto negativo do tarifaço de Trump sobre oposição
CENÁRIO POLÍTICO ELETORAL

A pesquisa Quaest divulgada em julho aponta sinais de recuperação na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente fora de sua base tradicional, e mostra que a taxa de 50% imposta por Donald Trump contra o Brasil prejudicou a imagem de opositores como Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Lula voltou a liderar todos os cenários testados para o primeiro turno das eleições de 2026, ampliando vantagem sobre os principais nomes da direita.

Segundo os dados, 43% dos entrevistados aprovam o governo, enquanto 53% o desaprovam — índices que oscilam positivamente para Lula em relação ao mês anterior. A recuperação é mais visível entre eleitores do Sudeste, com ensino superior e renda de dois a cinco salários mínimos. No Sudeste, por exemplo, a aprovação subiu de 32% para 40%, e entre os mais escolarizados, a taxa de aprovação passou de 33% para 45%.

O chamado “tarifaço” de Trump contra o Brasil teve efeitos eleitorais. Para 72% dos entrevistados, o presidente dos EUA errou ao anunciar as taxas, e 79% acreditam que as tarifas trarão prejuízos ao país. A percepção de erro é majoritária mesmo entre eleitores de direita (52%) e bolsonaristas (48%), o que, segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, acabou beneficiando Lula entre os eleitores de centro.

A economia ainda tem impacto limitado sobre a avaliação presidencial. Embora o número de pessoas que enxergam piora econômica tenha recuado dois pontos (para 46%) e os que veem melhora tenha subido três (para 21%), esses índices não foram decisivos na melhora da imagem do governo.

Outro dado relevante é a percepção da campanha pela taxação dos mais ricos: 60% são favoráveis, mas apenas 43% ficaram sabendo da iniciativa. Ainda assim, Nunes destaca que a agenda unificou a esquerda e dividiu a direita, ajudando o governo a assumir protagonismo no debate público.

No cenário eleitoral, Lula aparece com 30% a 32% das intenções de voto no primeiro turno, à frente de Bolsonaro (26%) e de outros nomes da oposição, como Michelle Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro e Ratinho Jr. No segundo turno, o petista vence todos os adversários com folga, com exceção de Tarcísio, que empata com Lula no limite da margem de erro.

A rejeição a uma nova candidatura de Lula caiu de 66% para 58%. Entre seus apoiadores, 90% defendem sua reeleição; já entre o eleitorado de centro, esse índice é de 28%. Quando comparados os temores sobre os dois principais nomes da polarização, 44% dizem temer o retorno de Bolsonaro, enquanto 41% temem a permanência de Lula.

Do lado da oposição, o tarifaço também cobrou preço. Bolsonaro, que empatava com Lula no segundo turno em junho, agora perde por 43% a 37%. Michelle Bolsonaro também viu sua competitividade cair, passando de empate técnico para uma desvantagem de sete pontos. Eduardo Bolsonaro, apesar de maior apoio entre os bolsonaristas, permanece distante, com 33% contra 43% de Lula.

Ainda assim, Bolsonaro segue como o nome mais forte da direita, mesmo inelegível. Aparece com 26% das intenções em simulações de primeiro turno. Michelle, Tarcísio, Ratinho Jr. e Eduardo disputam o espaço restante. A pesquisa aponta ainda que Tarcísio e Michelle são os preferidos da direita não bolsonarista, mas ambos perderam pontos em relação ao levantamento anterior.

A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e entrevistou 2.004 pessoas entre os dias 10 e 14 de julho, em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o índice de confiança, de 95%.

Texto/Fonte: G1