A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (14) a Operação Estafeta, que apura suspeitas de corrupção e pagamento de propina envolvendo contratos da Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) nas áreas de obras, saúde e manutenção. A ofensiva resultou no afastamento do prefeito Marcelo Lima (Podemos), que deverá usar tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar a cidade sem autorização judicial, além de restrições de circulação à noite e nos fins de semana.

A investigação teve início no mês passado, quando agentes encontraram quase R$ 13 milhões e US$ 157 mil (cerca de R$ 14 milhões no total) com o servidor público Paulo Iran, apontado como operador financeiro do prefeito e atualmente foragido. Segundo a PF, o dinheiro foi localizado por acaso, durante uma ação em 7 de julho para prender outro alvo. No carro de Iran, havia R$ 583,3 mil, e em uma sala do mesmo prédio, mais de R$ 12,2 milhões e dólares em espécie. O servidor, que também era assessor do deputado Rodrigo Moraes (PL), teria pago contas pessoais do prefeito, da esposa e da filha dele.

Nesta quinta-feira, cerca de R$ 1,9 milhão em espécie foi apreendido em endereços ligados a investigados, incluindo a residência do empresário Edmilson Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco Ltda., que mantém contrato com a prefeitura. Ele foi preso em flagrante com R$ 400 mil. Outro detido foi Antonio Rene da Silva, diretor de departamento na Secretaria de Coordenação Governamental.

A Justiça determinou ainda o afastamento do presidente da Câmara Municipal, Danilo Lima Ramos (Podemos), primo do prefeito, e do suplente de vereador Ary José de Oliveira (PRTB). Ao todo, 20 mandados de busca e apreensão, além de quebras de sigilos bancário e fiscal, estão sendo cumpridos em São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema.

Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A reunião marcada para esta manhã entre prefeitos do ABC Paulista e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em Santo André, foi cancelada logo após a divulgação da operação, que impediu a presença de Marcelo Lima no evento. A Prefeitura de São Bernardo e as defesas dos investigados não se manifestaram até a última atualização.