Foto: Divulgação/SSP-PI
Wednesday, 05 de November de 2025 - 13:42:54
Polícia bloqueia R$ 348 milhões em bens e apreende aviões e carros de luxo ligados a esquema interestadual
OPERAÇÃO CONTRA LAVAGEM DE DINHEIRO DO PCC INTERDITA POSTOS NO PIAUÍ, MARANHÃO E TOCANTINS

Uma operação deflagrada pelas forças de segurança do Piauí interditou dezenas de postos de combustíveis suspeitos de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI), o grupo utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para ocultar patrimônio e movimentar valores ilícitos. Ao todo, 16 postos foram fechados apenas em Teresina.

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 348 milhões em bens pertencentes a 10 pessoas e 60 empresas. Entre os itens apreendidos estão um Porsche avaliado em R$ 550 mil e quatro aeronaves: um Raytheon Aircraft 400A, um Astra SPX, um C90A e um Cessna 210M, este último registrado em nome do empresário Haran Santhiago Girão Sampaio. As aeronaves serão encaminhadas à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para inserção de gravame, restringindo sua transferência.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diversos endereços ligados aos investigados, incluindo duas residências em condomínios de luxo nos bairros Uruguai e Novo Uruguai, em Teresina, além de cinco apartamentos em diferentes zonas da capital e uma casa em Araraquara (SP).

As apurações revelaram movimentações financeiras atípicas que somam R$ 5 bilhões. De acordo com a Polícia Civil, o esquema seguia o mesmo padrão da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto e considerada a maior ofensiva já realizada no país contra o crime organizado. Empresários locais estariam conectados aos mesmos operadores e fundos usados na ação anterior.

Os investigadores afirmam que os suspeitos utilizavam “laranjas” e criavam fundos e fintechs para disfarçar a origem do dinheiro. Também foram constatadas fraudes fiscais, venda de combustíveis adulterados e emissão de notas frias para reduzir o pagamento de impostos.

Entre os alvos estão, além de Haran Santhiago, Danillo Coelho de Sousa, Moisés Eduardo Soares Pereira, Salatiel Soido de Araújo, Denis Alexandre Jotesso Villani e João Revoredo Mendes Cabral Filho. Todos estão proibidos de deixar Teresina, mudar de endereço ou se comunicar entre si. A defesa dos investigados não havia sido localizada até a última atualização da reportagem.

As interdições ocorrem em postos distribuídos por cidades do Piauí — incluindo Teresina, Picos, Parnaíba, Uruçuí e Canto do Buriti —, além de municípios do Maranhão (como Caxias e São Raimundo das Mangabeiras) e de São Miguel do Tocantins, no Tocantins.

A operação teve início após a venda da rede HD, que possuía dezenas de postos na região, para a empresa Pima Energia e Participações, criada apenas seis dias antes da negociação, em dezembro de 2023. A investigação apontou inconsistências patrimoniais, alterações societárias suspeitas e transferência de mais de R$ 700 mil para uma empresa já citada na Operação Carbono Oculto.

Uma coletiva de imprensa foi marcada para as 11h desta quarta-feira, na sede do Ministério Público do Piauí, em Teresina, para detalhar os desdobramentos da ação.

 
Texto/Fonte: G1