A Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz), da Polícia Civil de Mato Grosso, apresentou um crescimento expressivo na conclusão de investigações preliminares relacionadas a crimes contra a ordem tributária. No primeiro semestre de 2025, foram finalizados 176 Autos de Investigação Preliminar (AIPs), um salto de 700% em comparação com os 22 registros feitos no mesmo período do ano passado.
Esse resultado decorre, segundo o delegado titular da unidade, Walter Fonseca, da reformulação nos métodos de trabalho adotados pela equipe. “Houve uma dedicação conjunta dos policiais e escrivães da nossa unidade para tornar os procedimentos mais eficientes. Isso refletiu diretamente no número de autos concluídos, com mais qualidade e agilidade”, destacou.
Os AIPs, que consistem em procedimentos simplificados de apuração inicial, têm se mostrado um instrumento eficaz para agilizar as investigações. Com menor carga burocrática em relação aos inquéritos policiais, esses autos permitem a rápida análise de documentos, coleta de informações e diligências preliminares, tudo isso sem comprometer a legalidade ou a profundidade da apuração.
Além do aumento nos AIPs, a Defaz também ampliou em 675% as representações encaminhadas ao Poder Judiciário — mecanismos usados para requisitar medidas como mandados de busca e apreensão ou quebras de sigilo. Foram 31 solicitações no primeiro semestre de 2025, ante apenas quatro no mesmo período do ano anterior.
O número de inquéritos policiais concluídos também registrou avanço, passando de 35 para 55, o que representa uma alta de 57%. Já os depoimentos colhidos nas investigações (oitivas) subiram de 206 para 295, um crescimento de 43%.
A Defaz é a unidade responsável por investigar crimes fiscais que impactam diretamente os cofres públicos, como a sonegação de impostos e o uso de empresas de fachada. Um dos marcos recentes do trabalho foi a “Operação Rent-A-Business”, deflagrada em maio, que desarticulou um complexo esquema de fraude tributária envolvendo empresas fictícias.
Segundo as apurações, as empresas envolvidas movimentaram mais de R$ 7,6 bilhões em notas fiscais, recolhendo valores irrisórios em impostos. O esquema tinha como objetivo ocultar a verdadeira origem das mercadorias e reduzir de forma ilícita a carga tributária. Os envolvidos podem ser responsabilizados por crimes como sonegação fiscal, falsidade documental e associação criminosa.
“O que estamos colhendo agora é fruto de uma estratégia focada em planejamento, organização e profissionalismo. Com esse trabalho, buscamos proteger o erário público e garantir que todos cumpram com suas obrigações fiscais”, concluiu o delegado Walter Fonseca.