A Operação Contenção, conduzida pelo governo do Rio de Janeiro para conter o avanço territorial do Comando Vermelho (CV), realizou nesta terça-feira (28) uma nova etapa com foco nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital. As forças de segurança tentam cumprir cerca de 100 mandados de prisão contra integrantes da facção, incluindo líderes que, segundo as investigações, estariam escondidos na região.
O balanço parcial aponta que quatro suspeitos foram mortos em confronto — dois da Bahia e um do Espírito Santo — e 25 pessoas foram presas. Entre os detidos está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, um dos chefes do CV. Cinco dos presos foram baleados e permanecem sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Um policial do Bope e um delegado assistente também foram atingidos nas pernas.
Durante a operação, três civis ficaram feridos por balas perdidas: um homem em situação de rua foi baleado nas costas, uma mulher foi ferida dentro de uma academia e outro homem foi atingido em um ferro-velho. A polícia apreendeu dez fuzis, duas pistolas e nove motocicletas. Em resposta à ação, criminosos lançaram explosivos por drones no Complexo da Penha.
O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame dos Santos, afirmou que a ofensiva abrange cerca de 9 milhões de metros quadrados de “desordem urbana” e impacta aproximadamente 280 mil moradores. “Lamentamos profundamente os feridos, mas essa é uma operação necessária, planejada e baseada em inteligência, que vai continuar”, declarou.
A mobilização provocou fortes impactos na rotina da população. A Secretaria Municipal de Saúde suspendeu o funcionamento de cinco unidades de Atenção Primária e restringiu as visitas domiciliares de uma clínica da família. Na Educação, 28 escolas não abriram no Complexo do Alemão e 17 na Penha; a rede estadual fechou um colégio. O transporte público também foi afetado: 12 linhas de ônibus tiveram seus trajetos desviados por segurança.
A ação é resultado de um ano de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) com apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Parte dos procurados — ao menos 30 — vem de outros estados, como o Pará. Participam da operação agentes do Comando de Operações Especiais (COE), das unidades da PM da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da Polícia Civil, helicópteros, blindados e veículos de demolição.
As imagens da operação mostram barricadas em chamas, policiais em escadarias e intenso confronto nas ruas dos complexos. A Operação Contenção segue como uma das maiores ofensivas recentes contra o Comando Vermelho no estado.