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Friday, 03 de October de 2025 - 13:46:18
Por que o metanol afeta pessoas de maneiras diferentes?
GENÉTICA INFLUENCIA

O impacto do metanol no organismo não é igual para todos. Isso acontece porque, ao ser ingerido, ele passa pelo fígado e é transformado pelas enzimas álcool desidrogenase (ADH) e aldeído desidrogenase (ALDH) em formaldeído e, depois, em ácido fórmico, que são os verdadeiros responsáveis pelos efeitos tóxicos.

Segundo o geneticista Ciro Martinhago, nem todo organismo processa o metanol da mesma forma. Indivíduos que metabolizam a substância mais lentamente acumulam maiores quantidades de ácido fórmico e apresentam sintomas mais graves, enquanto quem metaboliza mais rápido consegue eliminar parte da substância, sofrendo menos.

Genética e grupos mais vulneráveis

Algumas variações genéticas, mais comuns em determinados grupos populacionais, podem aumentar o risco. Por exemplo, a deficiência da enzima ALDH2, frequente em pessoas de origem japonesa, chinesa e coreana, dificulta a metabolização do etanol e serve como indicativo de maior vulnerabilidade ao metanol.

Mesmo fora de grupos específicos, diferenças genéticas influenciam a velocidade de metabolização e a gravidade do quadro. Históricos familiares de reações fortes ao álcool comum — como rubor facial ou palpitações — podem sinalizar maior risco frente ao metanol.

Fatores adicionais

Idade, doenças pré-existentes e consumo simultâneo de etanol também influenciam. Curiosamente, o etanol compete com o metanol pelas mesmas enzimas e, em ambiente médico controlado, pode ser usado como antídoto para retardar a formação do ácido fórmico.

Órgãos mais afetados

O ácido fórmico circula pelo corpo, mas sua ação varia:

  • Nervo óptico e retina: maior risco de cegueira precoce.

  • Fígado e rins: podem sofrer falência dependendo da sensibilidade individual.

  • Coração e pulmões: afetados pela acidose metabólica causada pelo ácido fórmico.

Diferenças na resposta inflamatória do organismo também contribuem: quem apresenta reação inflamatória intensa tende a sofrer danos maiores nos tecidos.

Tempo é essencial

Os efeitos mais graves surgem entre 12 e 48 horas após a ingestão: visão borrada, fotofobia e respiração acelerada podem evoluir para convulsões, coma e falência múltipla de órgãos. Quanto mais cedo o paciente recebe antídotos e hemodiálise, maiores as chances de evitar sequelas graves.

Em resumo, a gravidade da intoxicação por metanol depende de genética, metabolismo individual, órgãos mais vulneráveis e rapidez no tratamento.

Texto/Fonte: G1