O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi recebido com vaias e viu a maioria das delegações se retirar do plenário da ONU antes mesmo de iniciar seu discurso, nesta sexta-feira (26), durante a 80ª Assembleia Geral, em Nova York. A comitiva do Brasil também deixou o local, repetindo o gesto feito no ano passado, e diplomatas brasileiros usavam o keffiyeh, lenço tradicional palestino, em sinal de protesto.
Apesar do esvaziamento, delegações dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Noruega, Espanha, Finlândia, Suíça e representantes da União Europeia permaneceram no plenário. Pessoas convidadas a acompanhar a sessão aplaudiram o premiê em alguns momentos.
Em fala de mais de 40 minutos — ultrapassando em muito os 15 recomendados pela ONU —, Netanyahu rejeitou a criação de um Estado Palestino e negou que as ações de Israel estejam provocando fome ou mortes de civis em Gaza. Ele afirmou que continua a “lutar uma batalha pelo Ocidente” e prometeu destruir totalmente o Hamas. “Ainda não terminamos o trabalho”, declarou.
Com um mapa do Oriente Médio em mãos, o líder israelense marcou áreas onde disse ter eliminado ameaças, citando o Hezbollah no Líbano, ataques a bases na Síria e no Iêmen, além de ações contra o programa nuclear do Irã. “Devastamos as armas atômicas do Irã, que eram feitas não apenas para destruir Israel, mas também para ameaçar os Estados Unidos e chantagear nações em toda parte”, afirmou, elogiando operações militares realizadas no último ano.
Netanyahu também agradeceu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem chamou de “aliado corajoso e decisivo”, destacando a parceria entre os dois na contenção do Irã. “Trump e eu prometemos impedir o Irã de desenvolver armas nucleares, e cumprimos essa promessa”, disse.
Do lado de fora da sede da ONU, milhares de manifestantes protestavam contra os ataques israelenses em Gaza. Durante sua fala, o premiê afirmou que tropas instalaram megafones em Gaza transmitindo a sessão da Assembleia Geral e aproveitou para se dirigir diretamente aos reféns em hebraico: “Nós não esquecemos vocês. Nós traremos vocês de volta para casa”.
Netanyahu voltou a acusar o Hamas de desviar alimentos e recursos, responsabilizando o grupo pela fome enfrentada pela população local. Mais de 65 mil palestinos já morreram desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o sul de Israel, deixando 1.200 mortos e centenas de sequestrados.
O discurso, marcado por isolamento diplomático, reforçou a posição de Israel contra o reconhecimento internacional da Palestina. Atualmente, 144 dos 193 países-membros da ONU já reconheceram o Estado Palestino.