O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, afirmou não enxergar clima político para aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Segundo ele, não há disposição entre os parlamentares para beneficiar quem planejou ações violentas, incluindo mortes.

Motta defendeu a discussão de um projeto alternativo, com mais chances de consenso entre governo e oposição, voltado a revisar penas de participantes que não tiveram papel central nas invasões e que receberam sentenças elevadas. Essa revisão poderia permitir a progressão de regime para modalidades mais brandas. Ele ressaltou que esse diálogo poderá ser retomado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com ministros do Supremo Tribunal Federal.

O deputado destacou que qualquer medida precisa ser transparente e debatida abertamente, reforçando que os eventos de 8 de janeiro foram graves e não devem se repetir. Na semana passada, aliados do ex-presidente ocuparam os plenários da Câmara e do Senado para pressionar pela aprovação de um pacote que incluía a anistia ampla.

Motta também comentou sobre o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde março, após pedir licença do mandato, e declarou não ter intenção de voltar ao Brasil. Embora o prazo da licença tenha expirado, ele mantém o mandato. Para o presidente da Câmara, a atuação de Eduardo a favor de sanções americanas contra o Brasil é inaceitável e contrária aos interesses nacionais.

Segundo Motta, até dentro do PL há desaprovação às atitudes do parlamentar, que, na visão de colegas, defende posições indefensáveis. Ele reiterou que interesses pessoais não podem ser colocados acima dos interesses do país, pois isso traz prejuízos à economia, às empresas e à população.