O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu até domingo (5) para que o Hamas aceite um cessar-fogo em Gaza. Em publicação na rede Truth Social, ele afirmou que mais de 25 mil combatentes do grupo já foram mortos e prometeu que, caso o acordo não seja fechado, “um inferno como ninguém jamais viu” se abaterá sobre a organização. Trump pediu ainda que civis palestinos deixem uma área não especificada em antecipação a uma possível ofensiva.
A proposta americana, detalhada em 20 pontos, prevê que Gaza se torne uma zona livre de grupos armados. O plano estipula que o Hamas libere todos os reféns em até 72 horas após aceitar os termos e, em contrapartida, Israel soltaria cerca de 2 mil prisioneiros palestinos. A reconstrução da região ficaria a cargo de um comitê tecnocrático palestino, supervisionado por um “Conselho da Paz” presidido por Trump. A ONU e o Crescente Vermelho cuidariam da ajuda humanitária.
Em coletiva de imprensa ao lado de Trump, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou apoio ao plano, destacando que ele garante a libertação dos reféns e o fim do domínio político e militar do Hamas em Gaza. Netanyahu, no entanto, segue rejeitando a criação de um Estado palestino, ponto que o coloca em conflito com parte da comunidade internacional. O premiê enfrenta forte pressão interna, tanto de famílias de reféns quanto de aliados políticos que resistem a concessões.
Já o Hamas informou que iniciou consultas internas entre líderes políticos e militares, um processo que pode levar dias. Fontes do grupo indicam dificuldade em coordenar as decisões após os ataques recentes de Israel. Ainda assim, o movimento mantém silêncio oficial sobre a aceitação ou rejeição imediata da proposta.
O plano americano também prevê desmilitarização completa da Faixa de Gaza, monitorada por observadores independentes, além da criação de uma Força Internacional de Estabilização encarregada de treinar uma nova polícia palestina. Tropas israelenses se retirariam gradualmente da região, mas manteriam um perímetro de segurança até que a ameaça de retomada do terrorismo fosse neutralizada.
Enquanto líderes europeus e países árabes como Egito, Catar, Arábia Saudita, Jordânia e Emirados Árabes expressaram apoio à iniciativa, a Jihad Islâmica Palestina classificou a proposta como uma “receita para explodir a região”. Moradores de Gaza também reagiram com ceticismo, afirmando que duvidam da implementação prática do plano e que a guerra pode continuar.
Essa não é a primeira tentativa de mediação. Em janeiro, um cessar-fogo entre Israel e Hamas fracassou após poucas semanas. Diferente daquele acordo, a atual proposta exige a libertação imediata de todos os reféns e a saída imediata do Hamas do governo local, substituído por uma administração transitória.
Trump, que vem reforçando sua posição de protagonismo no conflito, declarou que haverá paz no Oriente Médio “de uma forma ou de outra”. Caso o Hamas rejeite o plano, advertiu o presidente, os Estados Unidos apoiarão medidas militares “para eliminar o grupo terrorista de forma definitiva”.