Até pouco tempo atrás, muitos analistas de Hollywood consideravam “Uma batalha após a outra” o maior risco da Warner Bros. em 2025. A sátira sobre autoritarismo nos Estados Unidos traz Leonardo DiCaprio no papel de Bob, um ex-revolucionário que tenta proteger a filha em um país dominado por um governo fascista, em sua primeira parceria com o diretor Paul Thomas Anderson.
O receio inicial se deve aos números: com orçamento estimado entre US$ 130 milhões e US$ 175 milhões, o filme precisaria arrecadar mais de US$ 300 milhões para cobrir também os gastos com marketing. Para contexto, “Sangue Negro” (2007), de Anderson, alcançou US$ 76 milhões, a maior bilheteria de sua carreira. Entretanto, a reação crítica mudou completamente o panorama, e agências de monitoramento projetam arrecadação superior a US$ 40 milhões apenas no fim de semana de estreia mundial, o que seria um recorde para o cineasta.
Apesar de tratar de temas atuais, a obra é baseada no livro “Vineland” (1990), de Thomas Pynchon, adaptando a narrativa dos anos 1980 para os dias de hoje. A filha de Bob, interpretada pela estreante Chase Infiniti, é chamada de Willa no filme. Anderson explicou que a conexão com os personagens foi natural, pois tem três filhas e se identificou com as preocupações paternas do protagonista. “Eu não passo o dia fumando maconha igual o Bob, mas todos os pais têm medo de ser um fracasso”, disse o diretor.
O filme evita comparações diretas com a política atual dos Estados Unidos. DiCaprio ressaltou que a obra retrata uma sociedade dividida, mostrando os erros de todos os lados do extremismo, e enfatizou a mensagem universal de respeito entre as pessoas, independentemente das diferenças políticas. Benicio del Toro, que também integra o elenco, destacou a intenção de criar uma história envolvente, sem foco no orçamento, mas na experiência cinematográfica e na profundidade dos personagens.
Segundo DiCaprio, produções como essa ainda merecem atenção na indústria, mesmo quando apresentam riscos elevados e não seguem fórmulas convencionais, como filmes de super-heróis ou refilmagens. “Esta é uma ideia completamente original”, disse o ator, reforçando a aposta da Warner Bros. em narrativas ousadas que priorizam conteúdo e impacto cultural.