A minissérie O Portão do Inferno – Casos Arquivados, aprovada no edital Cinemotion Audiovisual da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel), Lei Paulo Gustavo, já começou suas filmagens. A obra terá cenas gravadas em Cuiabá e Chapada dos Guimarães, contando majoritariamente com elenco local.

A narrativa se desenvolve entre os anos 1940 e tempos contemporâneos, transformando crimes reais investigados em arquivos históricos em ficção. Com roteiro não linear, a série constrói um verdadeiro quebra-cabeça de imagens e silêncios, em que passado e presente se cruzam e se refletem mutuamente.

Grande parte das cenas será rodada à noite, em casarões históricos de Cuiabá, trechos da estrada para Chapada dos Guimarães e em uma chácara às margens do Rio Coxipó. O uso da estética barroca e da atmosfera sombria contribui para o tom da trama, que explora os limites da justiça, da memória e da identidade social.

Jefferson Neves, roteirista e autor do livro homônimo que deu origem à série, destaca a relação da obra com o território. “Queremos que cada detalhe convoque a arte mato-grossense. Que as pessoas vejam a série e sintam cheiro de terra, de rio, de Centro Histórico. Que reconheçam sons, nomes, lugares”, afirma. Ele ressalta ainda a ousadia da linguagem e a força poética de quem cria a partir da margem, definindo a minissérie como “um manifesto sensível”.

O elenco reúne artistas de destaque da cena cultural local, como Vera Capilé, Ilto Silva, Maria Clara Bertulio, Millena Machado, Bia Corrêa e Carolina Argenta, com participação especial da atriz Maria Zilda, referência nacional no cinema e na televisão. A presença de Zilda fortalece o diálogo entre talentos locais e nacionais, ampliando o alcance da produção.

Com quatro episódios, a minissérie tem estreia prevista para dezembro deste ano. As gravações continuam até 4 de setembro, e a exibição será gratuita em data a ser divulgada.

O diretor Luiz Marchetti reforça a relevância da obra: “Essa minissérie atravessa linguagens e propõe uma escuta sensível do território. É sobre o que foi apagado, mas também sobre o que resiste. O audiovisual, quando feito com profundidade e conexão com o lugar, pode ser esse catalisador de memórias e futuros”.

A obra é uma adaptação do livro de Jefferson Neves, publicado pela Entrelinhas Editora, que também assina o roteiro e a trilha sonora original. A direção é do cineasta mato-grossense Luiz Marchetti.