Carroceiros voltaram às ruas nesta segunda-feira (18) em atos simultâneos que paralisaram o trânsito em pontos estratégicos do Recife e de Olinda. Pneus e entulhos em chamas foram usados para interditar vias importantes, provocando quilômetros de congestionamento logo nas primeiras horas da manhã.

Na capital pernambucana, os bloqueios se concentraram em avenidas como Norte, Abdias de Carvalho, Recife, Caxangá e também na Ponte José de Barros Lima, no sentido Boa Viagem. A Avenida Agamenon Magalhães registrou longas filas de veículos e muitos passageiros de ônibus seguiram a pé. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 6h30 e enviou uma equipe para controlar as chamas.

Outros pontos também foram alvo de protestos: nos Torrões, o cruzamento entre as avenidas Abdias de Carvalho e do Forte; na Encruzilhada, a interdição das avenidas Norte e João de Barros, que foi desfeita por volta das 8h45; em Areias, na Avenida Recife, próximo ao Hospital do Idoso; na Caxangá, sob o viaduto da BR, no sentido Centro; e na Agamenon Magalhães, em frente à reitoria da UPE, onde a liberação ocorreu por volta das 9h35.

Em Olinda, a manifestação aconteceu na Avenida Pan-Nordestina, no bairro de Ouro Preto, mas segundo a prefeitura o tráfego já havia sido normalizado antes das 9h. O g1 questionou a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) sobre o envio de agentes para orientar motoristas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

O impasse entre a categoria e a prefeitura do Recife vem desde a realização de um censo, encerrado em 30 de junho, que cadastrou carroças e animais para viabilizar a transição do Programa Gradual de Retirada de Veículos de Tração Animal, cuja proibição definitiva está prevista para 31 de janeiro de 2026. A gestão municipal afirma que o objetivo é oferecer indenização, cursos de qualificação, apoio ao empreendedorismo, recolocação no mercado de trabalho e até a substituição por veículos alternativos.

Os carroceiros, por sua vez, alegam falta de diálogo e dizem que a medida ameaça tanto o sustento das famílias quanto a vida dos animais. Em nota, a rede Brasil Pela Tração Animal reforçou que “as vias de diálogo foram buscadas, mas não foram abertas”.

Entre as reivindicações, a categoria pede a revogação da lei que proíbe a circulação de veículos de tração animal, a criação de políticas públicas de saúde veterinária, implantação de chip de identificação nos animais, capacitação em trânsito e até a criação da “carta cocheiro”, documento gratuito que permitiria a condução regulamentada. Eles também defendem a criação de um banco de ração subsidiado, uma carteira de saúde animal e maior flexibilidade na liberação de animais apreendidos.