O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa nesta quinta-feira (24) a pagar o primeiro lote do acordo firmado com segurados que sofreram descontos indevidos em seus benefícios. A primeira etapa contempla 400 mil pessoas, e os pagamentos seguirão com lotes diários de 100 mil beneficiários em dias úteis, obedecendo à ordem de adesão ao acordo.
Até o momento, quase 1 milhão de segurados já aderiram à proposta do governo. Com a adesão, o beneficiário aceita receber o valor devido por meio de procedimento administrativo e abre mão de processar judicialmente o INSS futuramente por conta da fraude. No entanto, ainda é possível mover ações judiciais contra as associações responsáveis pelos descontos indevidos.
A adesão ao acordo pode ser feita tanto presencialmente, em agências dos Correios, quanto online, pelo site ou aplicativo "Meu INSS". A orientação é que os segurados verifiquem cuidadosamente os dados antes de formalizar o aceite.
Enquanto isso, a fila de espera para análise de novos pedidos de aposentadorias, pensões e outros benefícios voltou a crescer. Em junho, mais de 2,4 milhões de brasileiros aguardavam a concessão dos benefícios — um aumento de 79% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o número estava em torno de 1,35 milhão.
De acordo com o INSS e o Ministério da Previdência, o avanço da fila é reflexo das greves de servidores e peritos médicos ao longo de 2024, além do aumento da demanda por novos requerimentos. O pico da fila ocorreu em março deste ano, com mais de 2,7 milhões de pedidos pendentes.
Gilberto Waller Jr., presidente do INSS, afirmou em entrevista ao programa Em Ponto que a situação é crítica. Ele citou, como entrave, o uso de sistemas defasados. "A Dataprev mostrou um cronograma de mudança dos seus equipamentos até dezembro. Sistemas esses antiquíssimos, em linguagem que nenhum programador hoje trabalha", disse.
Segundo ele, essas limitações tecnológicas têm prejudicado o ritmo de análise dos benefícios. Atualmente, o tempo médio de espera para concessão gira em torno de 51 dias. Para tentar conter o avanço da fila, o INSS vem realizando mutirões e oferecendo bônus a servidores que superarem metas de produtividade.
Além da fila principal, a análise de recursos administrativos também enfrenta graves atrasos. Trata-se de pedidos de revisão por parte de segurados que tiveram seus benefícios negados e recorreram ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS).
Dados mostram que, no segundo trimestre de 2025, o tempo médio para o INSS encaminhar esses recursos ao CRPS subiu para 310 dias — alta de 233% em relação aos 93 dias registrados no terceiro trimestre de 2024.
Diante desse cenário, o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário encaminhou, nesta semana, um ofício ao INSS solicitando medidas urgentes para melhorar o processo de análise e garantir maior transparência na tramitação dos recursos.