Foto: Divulgação/Receita Federal
Thursday, 25 de September de 2025 - 12:29:34
Receita Federal identifica esquema de lavagem envolvendo motéis e bens de luxo
PCC UTILIZA REDE DE MOTÉIS PARA LAVAGEM DE DINHEIRO EM SP

A Receita Federal revelou que o PCC operava uma rede de cerca de 60 motéis em nome de laranjas para lavar dinheiro, movimentando aproximadamente R$ 1 bilhão entre 2020 e 2024. Apesar do volume financeiro, as empresas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais e recolheram R$ 25 milhões em tributos federais, o equivalente a 2,5% da movimentação total. Os lucros e dividendos distribuídos aos sócios somaram R$ 88 milhões.

As investigações apontaram que os motéis e estabelecimentos associados, incluindo restaurantes com CNPJs próprios, contribuíram para aumentar o patrimônio dos envolvidos. Um dos motéis chegou a distribuir 64% da receita bruta declarada, enquanto um restaurante vinculada ao esquema repassou R$ 1,7 milhão em lucros após registrar receita de R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023. Além de imóveis, o grupo adquiriu bens de luxo, como iate de 23 metros, helicóptero Augusta A109E, Lamborghini Urus e terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões.

O chefe do esquema é o empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, alvo da Operação Spare. Ele é suspeito de lavar dinheiro proveniente de combustíveis adulterados por meio de postos de combustíveis e pessoas associadas. Foram identificados 267 postos ativos que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, recolhendo apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, além de administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.

A investigação também detectou uso de artifícios contábeis irregulares, como retificação simultânea de declarações de Imposto de Renda antigas e recentes, para aumentar artificialmente o patrimônio declarado sem pagamento de impostos. A Receita estimou que a família do principal alvo aumentou seu patrimônio informado em cerca de R$ 120 milhões dessa forma.

A Operação Spare cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em cidades do estado de São Paulo, com a participação de 64 servidores da Receita Federal, 28 do Ministério Público via Gaeco, representantes da Secretaria da Fazenda e cerca de 100 policiais militares. Durante as investigações, foram detectadas conexões entre os alvos e outras operações de combate ao crime organizado, incluindo transações comerciais e imobiliárias, compartilhamento de helicópteros e reservas conjuntas de viagens internacionais.

Paralelamente, a Receita Federal intensificou ações de fiscalização no setor de combustíveis. A Operação Cadeia de Carbono, realizada recentemente, resultou na apreensão de cargas de petróleo e derivados avaliadas em R$ 240 milhões no Porto do Rio de Janeiro, suspeitas de terem sido importadas por empresas sem comprovação de origem dos recursos. Segundo o órgão, tais medidas reforçam o compromisso de excluir do mercado empresas e indivíduos que atuam de forma irregular e proteger a economia nacional.

Texto/Fonte: G1