Foto: CARLOS JASSO / AFP
Sexta, 20 de junho de 2025 - 17:30:54
Reino Unido avança para legalizar o suicídio assistido em casos terminais
PARLAMENTO BRITÂNICO APROVA LEI HISTÓRICA

O Parlamento do Reino Unido aprovou nesta sexta-feira (20) uma proposta de legalização do suicídio assistido para pacientes terminais, em uma votação histórica que terminou com 314 votos a favor e 291 contrários. O projeto, batizado de “Adultos Terminalmente Doentes (Fim da Vida)”, segue agora para análise da Câmara dos Lordes, onde passará por debates, mas sem grandes chances de ser barrado.

A proposta prevê que pessoas mentalmente capazes, diagnosticadas com doenças terminais e com expectativa de vida inferior a seis meses, possam optar por encerrar suas vidas com auxílio médico. O Reino Unido, com a medida, se aproxima de países como Canadá, Austrália e algumas regiões dos Estados Unidos, onde práticas semelhantes já são permitidas.

O texto final aprovado passou por modificações em relação à versão inicial. A exigência de autorização judicial foi retirada, e o processo de autorização passará a ser conduzido por um painel composto por um juiz sênior, um psiquiatra e um assistente social. O governo do primeiro-ministro Keir Starmer adotou postura neutra, permitindo que os parlamentares votassem segundo suas próprias convicções. Starmer, porém, já havia se posicionado favoravelmente à causa.

A proposta foi apresentada pela deputada trabalhista Kim Leadbeater, que destacou que a legislação traz “algumas das proteções mais rigorosas do mundo” contra possíveis abusos ou coerções.

Durante a sessão, parlamentares relataram histórias pessoais marcantes, e centenas de manifestantes se reuniram diante do Parlamento, divididos entre defensores e opositores. Os favoráveis carregavam faixas com frases como “minha vida, minha morte” e entoavam “minha decisão, minha escolha”. Os críticos levantavam cartazes com dizeres como “vamos cuidar, não matar” e “matar o projeto, não os doentes”.

Pesquisas recentes indicam apoio majoritário da população britânica à legalização da prática, especialmente em casos de sofrimento prolongado sem perspectivas de recuperação. A medida, no entanto, continua a gerar debates éticos, jurídicos e religiosos intensos no país.

Texto/Fonte: G1