O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou nesta quinta-feira (18) que a ideia de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” não encontra mais espaço no Congresso. Segundo ele, o objetivo agora é formular uma proposta que permita a pacificação do país. O parlamentar foi oficializado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como relator do tema e anunciou a intenção de apresentar um texto de “meio-termo”.

A proposta de anistia teve seu regime de urgência aprovado na noite de quarta-feira (17), o que possibilita votação direta em plenário. Paulinho será responsável por elaborar a nova versão, que, de acordo com aliados, deve ficar pronta em até duas semanas. Lideranças partidárias já adiantaram que a expectativa é por um parecer que reduza penas de condenados, mas sem conceder perdão integral.

Em entrevista à GloboNews, o relator declarou que buscará construir o texto em diálogo com todas as bancadas da Câmara a partir da próxima semana. Ele defende que a solução seja baseada na posição da maioria parlamentar, com vistas a pacificar o cenário político. “Nós não estamos mais discutindo anistia geral, e sim um projeto que possa trazer tranquilidade ao Brasil”, disse.

Paulinho também criticou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que pressiona pelo perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos. Segundo o relator, movimentos desse tipo só acirram a crise. “Espero que o Eduardo Bolsonaro, que já cometeu alguns equívocos contra o Brasil, possa refletir. Qualquer ação dele agora pode incendiar ainda mais o ambiente político”, afirmou.

O contexto internacional também pesa sobre as discussões. O governo dos Estados Unidos aplicou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo entre os motivos a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. O ex-presidente foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão por participação em uma trama golpista.

Paulinho advertiu que novas medidas retaliatórias de Washington podem atrapalhar diretamente o debate no Congresso. “Se houver mais sanções nesse momento de discussão e votação, vai complicar bastante”, disse. Ele ressaltou que seu trabalho será voltado a reduzir a polarização. “Quero colaborar para pacificar essa guerra entre esquerda e direita, que só prejudica o Brasil”, concluiu.