Foto: Reprodução/RBS TV
Friday, 22 de August de 2025 - 11:38:50
Renda mais alta melhora padrão de moradia, mas brasileiros recorrem mais ao aluguel, aponta IBGE
DEPENDÊNCIA DO ALUGUEL AVANÇA NO BRASIL

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a renda mais elevada dos brasileiros tem permitido acesso a bens duráveis e melhores condições de habitação. No entanto, a dependência do aluguel aumentou nos últimos anos, revelando desigualdades no acesso à casa própria.

Os imóveis alugados, que representavam 18,4% dos lares em 2016, chegaram a 23% em 2024, o que corresponde a 17,8 milhões de domicílios — alta de 45,4% em números absolutos. Já as moradias próprias quitadas, embora sigam sendo maioria, recuaram de 66,8% para 61,6% no período. Também caiu levemente a fatia das unidades próprias em processo de financiamento, que foram de 6,2% para 6%.

De acordo com William Kratochwill, analista do IBGE, esse movimento indica maior concentração de riqueza. Ele explica que a inflação persistente e a perda do poder de compra têm dificultado a aquisição da casa própria, forçando muitas famílias a permanecerem no aluguel.

Ao todo, o país tinha 77,3 milhões de domicílios em 2024, 1,7% a mais que em 2023 e 15,6% acima de 2016. A maior concentração está no Sudeste, com 43,1% (33,3 milhões de moradias), seguido pelo Nordeste (26,3%), Sul (15,1%), Centro-Oeste (8%) e Norte (7,6%).

Além da condição de ocupação, a pesquisa também detalhou o tipo de moradia. Embora as casas continuem predominando, os apartamentos ampliaram participação em 1,6 ponto percentual entre 2016 e 2024. Segundo Kratochwill, essa tendência é reflexo da urbanização e do aproveitamento do espaço em áreas centrais, o que favorece a verticalização das cidades. A pressão por imóveis urbanos, observa o analista, também contribui para o aumento dos preços tanto de aluguéis quanto de unidades à venda.

A PNAD ainda avaliou a infraestrutura domiciliar. No ano passado, 86,3% das casas e apartamentos estavam ligados à rede geral de abastecimento de água. Dentro desse grupo, 88,4% tinham fornecimento diário, mas em 9,6% dos casos a água chegava apenas de um a seis dias por semana. A região Sul foi a que registrou maior cobertura (95,8%), enquanto o Nordeste ficou com o menor índice (72,6%), com Pernambuco no extremo inferior, com 44,3%.

Em relação ao esgotamento sanitário, 70,4% das moradias estavam conectadas à rede geral ou a fossas sépticas. O Sudeste liderou, com 90,2% de cobertura, e o Norte ficou na última posição, com apenas 31,2%. Já o acesso à energia elétrica foi quase universal: 99,8% dos domicílios tinham eletricidade, sendo 99,3% provenientes da rede pública e, em 98,4% dos casos, disponíveis em tempo integral.

No campo dos bens duráveis, os dados revelam avanços associados à renda das famílias. A geladeira, item básico, já estava em 98,3% das residências em 2024. A máquina de lavar, mais associada a melhoria do poder aquisitivo, saltou de 63% para 70,4% no período, sinalizando evolução no bem-estar. Para Kratochwill, esse aumento mostra ganhos de renda e também uma transformação na rotina doméstica: “O tempo antes dedicado à lavagem de roupas pode ser utilizado em outras atividades do cotidiano”.

A presença de veículos também se expandiu. Os automóveis estavam em 47,6% dos lares em 2016 e passaram para 48,8% em 2024. Já as motocicletas avançaram de 22,6% para 25,7%, e os domicílios que possuíam ambos cresceram de 10,7% para 13,4%. Para o IBGE, o dado reforça que, apesar da maior procura por aluguel, a melhora de renda tem se refletido em maior acesso a bens de maior valor, adquiridos geralmente com entrada alta e crédito financiado.

Ainda assim, o levantamento identificou que 65 mil famílias no Rio Grande do Sul vivem em moradias precárias, reforçando que, mesmo com ganhos, persistem desigualdades significativas no padrão habitacional brasileiro.

Texto/Fonte: G1