A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta para o avanço das superbactérias, classificando a ameaça como ainda mais grave que o câncer. O fenômeno está diretamente ligado ao uso inadequado de antibióticos ao longo das últimas décadas, o que reduziu a eficácia dos medicamentos e permitiu o surgimento de microrganismos cada vez mais resistentes.

No Brasil, antibióticos chegaram a ser vendidos sem receita médica por anos, prática que acelerou o problema. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia listado 12 famílias de bactérias resistentes como prioritárias para a saúde pública global, destacando organismos que desafiam os tratamentos convencionais.

Enquanto a situação preocupa especialistas, a ciência busca respostas. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, vêm recorrendo à inteligência artificial para desenvolver novos antibióticos em tempo recorde. Com a ajuda de algoritmos, mais de 36 milhões de moléculas foram projetadas, e compostos promissores já avançam para testes em laboratório e em animais.

Antes desse avanço tecnológico, o processo de criação de uma nova substância podia levar até dois anos. Agora, em questão de dias, é possível identificar candidatos capazes de enfrentar bactérias resistentes, incluindo aquelas responsáveis por infecções como gonorreia e pneumonia.

Especialistas acreditam que essa inovação pode marcar o início de uma “era de ouro” dos antibióticos, quase cem anos após a descoberta da penicilina. Em meio ao alerta da ONU, a aposta em inteligência artificial surge como uma das principais esperanças para evitar uma crise sanitária sem precedentes.