O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe nesta segunda-feira (18) o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e sete líderes europeus na Casa Branca para discutir os rumos da guerra no Leste Europeu. A agenda prevê um encontro bilateral no Salão Oval às 14h15 (horário de Brasília) e, em seguida, uma reunião multilateral às 16h, na Sala Leste, com a participação de Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Friedrich Merz (Alemanha), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), Mark Rutte (Otan), Giorgia Meloni (Itália) e Alexander Stubb (Finlândia).

De acordo com diplomatas ouvidos pela Deutsche Welle, parte dos líderes foi convidada para tentar amortecer possíveis ataques verbais de Trump contra Zelensky, como ocorreu em fevereiro, quando o republicano repreendeu publicamente o ucraniano em frente às câmeras. Esta é a segunda vez que ambos se encontram pessoalmente desde o início da guerra.

Zelensky reafirmou no domingo (17) que não aceitará ceder territórios e defendeu garantias internacionais semelhantes ao Artigo 5 da Otan, que prevê defesa coletiva em caso de ataque. Já Trump declarou ter obtido “grandes progressos” em uma conversa recente com Vladimir Putin no Alasca. Segundo o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, o presidente russo teria sinalizado abertura para discutir garantias de segurança, embora detalhes ainda não tenham sido revelados.

Paralelamente, diplomatas relataram à Reuters a circulação de um esboço de proposta russa que prevê retirada parcial de tropas do norte da Ucrânia, mas exige contrapartidas consideradas inaceitáveis por Kiev, como o reconhecimento da anexação da Crimeia, a manutenção do controle de Moscou sobre grande parte do Donbas, a promessa de não adesão da Ucrânia à Otan e o alívio das sanções.

A reunião em Washington é vista como tentativa da União Europeia de cortejar Trump, sobretudo após a cúpula no Alasca, onde Putin conseguiu convencê-lo a flexibilizar a exigência de um cessar-fogo imediato. Na ocasião, segundo o New York Times, Trump chegou a discutir a cessão completa de Donetsk e Lugansk à Rússia, inclusive áreas fora da ocupação militar. Zelensky rejeitou a ideia, mas admitiu a possibilidade de negociar apenas sobre as regiões atualmente controladas por Moscou.

Líderes europeus reconhecem que Kiev pode, na prática, ser forçada a aceitar perdas territoriais, ainda que sem reconhecimento jurídico internacional. Analistas avaliam que, caso o encontro desta segunda avance, Trump pretende organizar uma “cúpula tripartite” com Ucrânia e Rússia já na sexta-feira (22). Putin teria sinalizado disposição em participar, mas apenas se Kiev aceitar renunciar previamente a determinadas áreas — exigência considerada inegociável por Zelensky.

Para observadores em Bruxelas, Berlim, Londres e Paris, paira a dúvida se o presidente russo realmente dividirá a mesa com o ucraniano ou se continuará a ganhar tempo para consolidar avanços militares em campo.