O Rio Paraguai, no trecho de Barra do Bugres, a 169 km de Cuiabá, atingiu um novo recorde histórico de seca, com apenas 26 centímetros de profundidade. Em 5 de setembro, o nível do rio superou as marcas de 1967 e 2023, que tinham registrado 28 centímetros, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB). O nível esperado para esta época do ano seria de 62 centímetros.
Em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, o nível do rio está em 37 centímetros, abaixo do esperado de 1,44 metro. Imagens da região mostram bancos de areia e pedras expostos devido ao baixo nível de água.
Na última terça-feira (5), um turista morreu em Corumbá, no Pantanal de MS, após o barco em que estava colidir com uma pedra. O piloto e outro turista foram resgatados por helicóptero. Desde 26 de agosto, o nível do rio em Corumbá está abaixo de zero, deixando bancos de areia visíveis.
O agente fluvial de Cáceres, Magno Luis de Moura, alertou para os perigos dos bancos de areia que dificultam a navegação, especialmente para embarcações maiores. Ele recomenda o uso de cartas náuticas atualizadas, atenção aos balizamentos e redução da velocidade.
O SGB informa que, ao longo dos 1.693 km do Rio Paraguai no Brasil, 18 das 21 estações de medição mostram níveis abaixo do esperado, com três delas registrando marcas negativas. A seca é particularmente severa em Mato Grosso do Sul, com níveis de água muito abaixo do normal, como em Ladário (-25 cm), Porto Esperança (-93 cm) e Forte Coimbra (-150 cm).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica que a maioria dos municípios de Mato Grosso está sem chuva há mais de 140 dias. A seca extrema está afetando a agricultura, a pesca e o turismo, levando 14 municípios do estado a decretar situação de emergência.
Além disso, Mato Grosso lidera o ranking nacional de queimadas, com 36,4 mil focos registrados desde janeiro. Em agosto, foram contabilizados mais de 13,6 mil focos, superando os números de janeiro a julho. Este mês também foi o mais crítico para incêndios em uma década no estado, com 1,6 milhão de hectares devastados pelo fogo.
O Rio Paraguai, que também percorre a Bolívia, Paraguai e Argentina, é essencial para o Pantanal. Desde o início de 2024, o rio tem registrado níveis extremamente baixos, com o menor nível em quase 60 anos observado em julho. O rio cobre 48% de Mato Grosso e 52% de Mato Grosso do Sul e atravessa diversos biomas, incluindo o Cerrado e o Pantanal.