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Monday, 18 de August de 2025 - 11:11:22
Rodrigo Paz e Jorge 'Tuto' Quiroga devem disputar segundo turno em outubro
ELEIÇÕES NA BOLÍVIA

A disputa presidencial na Bolívia caminha para um segundo turno em 19 de outubro, com dois nomes de centro e direita à frente. Resultados preliminares divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral apontaram Rodrigo Paz, senador do Partido Democrata Cristão (PDC), na liderança com 32,18% dos votos. Ele é seguido pelo ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da coalizão Alianza Libre, que obteve 26,94%. Pesquisas de boca de urna da Unitel e da Ipsos Ciesmori confirmaram essa tendência.

A fragmentação da esquerda foi decisiva para esse cenário. Andrónico Rodríguez e Eduardo del Castillo, ligados ao Movimento ao Socialismo (MAS), conquistaram apenas 8% e 3,2% dos votos, respectivamente. Sem a força que marcou os últimos 20 anos, o MAS perdeu espaço após a Justiça Eleitoral barrar a candidatura de Evo Morales e a desistência de Luis Arce, em meio a disputas internas. Morales chegou a pedir que seus apoiadores anulassem o voto como forma de protesto, numa tentativa de deslegitimar o processo.

Rodrigo Paz Pereira, de 55 anos, tenta se consolidar como alternativa de centro diante da polarização política. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989–1993), já atuou como deputado, vereador e prefeito de Tarija, onde ganhou destaque por projetos de infraestrutura e pela gestão fiscal. Atualmente senador, apresenta-se como moderado capaz de dialogar com conservadores e progressistas. Defende estabilização econômica, atração de investimentos e fortalecimento das instituições. No entanto, carrega polêmicas de sua gestão em Tarija, como acusações sobre irregularidades na construção da “Puente Millonario”, que ele nega, atribuindo-as a perseguição política do MAS.

Já Jorge “Tuto” Quiroga, de 65 anos, representa a ala conservadora. Engenheiro formado nos Estados Unidos, iniciou sua trajetória como vice de Hugo Banzer Suárez e assumiu a presidência em 2001, após a morte de Banzer, governando até 2002. Seu curto mandato foi marcado pela aproximação com os Estados Unidos e medidas econômicas liberais. Após tentativas frustradas de voltar ao poder em 2005 e 2014, manteve presença ativa como crítico dos governos de Evo Morales e Luis Arce.

Nesta eleição, Quiroga concorreu pela coalizão Libre (Libertad y Democracia), defendendo cortes de subsídios ineficientes, combate ao narcotráfico, modernização do Estado e abertura da economia. Sua carreira também acumula controvérsias: foi apontado como um dos articuladores da saída de Evo Morales em 2019, participou de negociações mediadas pela Igreja Católica e autorizou o voo que levou o ex-presidente ao exílio. Posteriormente, atuou como representante internacional no governo de Jeanine Áñez, mas renunciou para disputar novamente a presidência em 2020.

A Bolívia vive um cenário de forte desgaste político e econômico. O país enfrenta inflação recorde, desabastecimento de combustíveis e alimentos, além de reservas internacionais em queda. As longas filas em postos e mercados tornaram-se símbolos da crise, fator que impulsionou a rejeição ao MAS e fortaleceu candidaturas de centro e direita.

Com informações da Reuters e AP.

Texto/Fonte: G1