A famosa Rua 25 de Março, maior polo de comércio popular do Brasil e da América Latina, tornou-se alvo direto do governo de Donald Trump em meio ao processo que sustenta o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros. Segundo relatório oficial dos EUA, a região é apontada como um dos maiores centros mundiais de venda de produtos falsificados e um exemplo da suposta falha do Brasil em proteger adequadamente os direitos de propriedade intelectual.
No documento elaborado pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), a área é descrita como “um dos principais mercados de atacado e varejo de produtos piratas no Brasil”, com mais de mil lojas comercializando itens falsificados de diferentes categorias — de roupas a eletrônicos. O texto também aponta para a reincidência dessas práticas, mesmo após ações policiais.
Além da 25 de Março, o relatório cita outros pontos em São Paulo como redutos da pirataria, incluindo a Santa Ifigênia, o Brás, o Shopping 25 de Março, a Feira da Madrugada, entre outros centros comerciais. As autoridades norte-americanas afirmam que a pirataria persiste por falta de sanções eficazes, ausência de fiscalização contínua e desestímulo legal insuficiente.
O relatório vai além da questão da propriedade intelectual. Apresenta uma série de acusações e pontos de investigação contra o Brasil, incluindo:
Serviços de pagamento digital, com suspeitas de favorecimento a soluções nacionais como o PIX, em detrimento de empresas estrangeiras;
Práticas comerciais desleais, com alegações de que o Brasil oferece condições tarifárias preferenciais a parceiros estratégicos;
Medidas anticorrupção insuficientes, citando falhas na aplicação de normas internacionais de transparência;
Desmatamento ilegal, com críticas ao que seria uma aplicação frouxa da legislação ambiental;
Barreiras ao etanol dos EUA, destacando o aumento das tarifas sobre o biocombustível norte-americano.
A ofensiva norte-americana, liderada por Trump, visa justificar o chamado “tarifaço” anunciado para agosto, com sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. O governo Lula já respondeu com uma carta de repúdio enviada às autoridades dos EUA, afirmando que as alegações são infundadas e que o comércio bilateral sempre favoreceu mais os americanos.
A inclusão da 25 de Março na lista de críticas amplia o embate comercial entre os dois países, colocando no centro da discussão temas sensíveis que vão além das tarifas, atingindo também a política nacional de segurança pública, regulação digital e até questões ambientais.