Nos últimos anos, uma série de mortes suspeitas envolvendo empresários, autoridades e opositores do presidente Vladimir Putin tem chamado atenção na Rússia e no exterior. Muitos dos casos foram oficialmente tratados como suicídios ou acidentes, mas a repetição de padrões — como quedas de janelas, envenenamentos e mortes violentas — alimenta suspeitas de assassinatos políticos.
O episódio mais recente envolve Roman Starovoit, ex-ministro dos Transportes, encontrado morto com uma arma próxima ao corpo. Segundo a imprensa russa, ele teria se suicidado. Starovoit havia deixado o governo regional de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, em meio a escândalos de corrupção.
Outro caso emblemático foi a morte de Alexei Navalny, principal líder da oposição a Putin. Navalny morreu em uma colônia penal no Ártico, oficialmente por causas naturais. No entanto, sua família e aliados denunciam assassinato. Navalny já havia sobrevivido a um envenenamento em 2020, atribuído a agentes russos.
Também figura entre as mortes controversas Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner. Depois de romper com Putin e liderar uma rebelião contra o Ministério da Defesa, Prigozhin morreu na queda de um avião em agosto de 2023. Autoridades dos EUA indicaram que uma explosão pode ter causado o acidente.
Casos mais antigos, como o do ex-espião Alexander Litvinenko, morto em Londres em 2006, também reforçam as suspeitas. Litvinenko foi envenenado com polônio-210, substância radioativa de uso restrito. Ele acusava diretamente o Kremlin de corrupção e assassinatos.
Em dezembro de 2022, o milionário Pavel Antov, crítico da invasão da Ucrânia, foi encontrado morto em um hotel na Índia. Segundo as autoridades locais, ele caiu da janela dias após a morte misteriosa de um amigo que o acompanhava.
Já Ravil Maganov, presidente da petrolífera russa Lukoil — empresa que pediu o fim da guerra —, morreu ao cair da janela de um hospital em Moscou, em setembro de 2022. A Lukoil alegou doença grave, mas a imprensa estatal sugeriu suicídio.
Desde o início da guerra na Ucrânia, diversos outros empresários e executivos de alto escalão também morreram em circunstâncias suspeitas, entre eles:
Leonid Schulman e Alexander Tyulyakov, ambos da Gazprom, encontrados mortos com sinais de suicídio.
Andrei Krukovsky, da Gazprom, morto após queda de penhasco.
Mikhail Watford, magnata, enforcado em Londres.
Sergei Protosenya, achado morto com esposa e filha na Espanha.
Vasily Melnikov, morto com a família em casa.
Vladislav Avaev, ex-Gazprombank, encontrado morto com esposa e filha.
Kristina Baikova, vice-presidente de banco, caiu do 11º andar de um prédio.
Embora o Kremlin negue envolvimento em todas essas mortes, a sequência de episódios levanta questionamentos sobre perseguições políticas e uso da força contra dissidentes. O padrão das mortes, muitas vezes rotuladas como suicídios, continua sob intensa vigilância internacional.