Foto: REUTERS/Maxim Shemetov/Foto de arquivo
Wednesday, 09 de July de 2025 - 11:30:21
Rússia acumula casos de mortes misteriosas entre críticos, magnatas e aliados do governo
MORTES SUSPEITAS ENVOLVEM ALIADOS E OPOSITORES DE PUTIN

Nos últimos anos, uma série de mortes suspeitas envolvendo empresários, autoridades e opositores do presidente Vladimir Putin tem chamado atenção na Rússia e no exterior. Muitos dos casos foram oficialmente tratados como suicídios ou acidentes, mas a repetição de padrões — como quedas de janelas, envenenamentos e mortes violentas — alimenta suspeitas de assassinatos políticos.

O episódio mais recente envolve Roman Starovoit, ex-ministro dos Transportes, encontrado morto com uma arma próxima ao corpo. Segundo a imprensa russa, ele teria se suicidado. Starovoit havia deixado o governo regional de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, em meio a escândalos de corrupção.

Outro caso emblemático foi a morte de Alexei Navalny, principal líder da oposição a Putin. Navalny morreu em uma colônia penal no Ártico, oficialmente por causas naturais. No entanto, sua família e aliados denunciam assassinato. Navalny já havia sobrevivido a um envenenamento em 2020, atribuído a agentes russos.

Também figura entre as mortes controversas Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner. Depois de romper com Putin e liderar uma rebelião contra o Ministério da Defesa, Prigozhin morreu na queda de um avião em agosto de 2023. Autoridades dos EUA indicaram que uma explosão pode ter causado o acidente.

Casos mais antigos, como o do ex-espião Alexander Litvinenko, morto em Londres em 2006, também reforçam as suspeitas. Litvinenko foi envenenado com polônio-210, substância radioativa de uso restrito. Ele acusava diretamente o Kremlin de corrupção e assassinatos.

Em dezembro de 2022, o milionário Pavel Antov, crítico da invasão da Ucrânia, foi encontrado morto em um hotel na Índia. Segundo as autoridades locais, ele caiu da janela dias após a morte misteriosa de um amigo que o acompanhava.

Ravil Maganov, presidente da petrolífera russa Lukoil — empresa que pediu o fim da guerra —, morreu ao cair da janela de um hospital em Moscou, em setembro de 2022. A Lukoil alegou doença grave, mas a imprensa estatal sugeriu suicídio.

Desde o início da guerra na Ucrânia, diversos outros empresários e executivos de alto escalão também morreram em circunstâncias suspeitas, entre eles:

  • Leonid Schulman e Alexander Tyulyakov, ambos da Gazprom, encontrados mortos com sinais de suicídio.

  • Andrei Krukovsky, da Gazprom, morto após queda de penhasco.

  • Mikhail Watford, magnata, enforcado em Londres.

  • Sergei Protosenya, achado morto com esposa e filha na Espanha.

  • Vasily Melnikov, morto com a família em casa.

  • Vladislav Avaev, ex-Gazprombank, encontrado morto com esposa e filha.

  • Kristina Baikova, vice-presidente de banco, caiu do 11º andar de um prédio.

Embora o Kremlin negue envolvimento em todas essas mortes, a sequência de episódios levanta questionamentos sobre perseguições políticas e uso da força contra dissidentes. O padrão das mortes, muitas vezes rotuladas como suicídios, continua sob intensa vigilância internacional.

Texto/Fonte: G1