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Thursday, 24 de July de 2025 - 18:33:33
São Paulo concentra quase 20% dos roubos e furtos de celulares no Brasil e tem a 3ª maior taxa do país
DADOS OFICIAIS: ROUBO E FURTO

São Paulo registrou 169.556 aparelhos de celular subtraídos no último ano, o que equivale a uma média de 19 celulares roubados ou furtados por hora. Esses números colocam a capital paulista como a terceira cidade do país com maior taxa proporcional de furtos e roubos de celulares, com 1.425,4 ocorrências para cada 100 mil habitantes. Apenas São Luís (MA), com 1.599,7, e Belém (PA), com 1.452,2, apresentam taxas maiores. Em números absolutos, São Luís teve 17.406 aparelhos subtraídos, e Belém, 20.310.

O levantamento revela que o crime envolvendo celulares deixou de ser uma ação isolada para se tornar parte de uma cadeia organizada, funcionando em uma escala quase industrial. De acordo com o doutor em Ciência Política Guaracy Mingardi, os ladrões na ponta da cadeia repassam os aparelhos para receptadores, que dão sequência a outros crimes.

Após o roubo, o principal objetivo dos criminosos é acessar dados da vítima, como contas bancárias, senhas e redes sociais. Se o aparelho estiver desbloqueado ou for desbloqueado por especialistas — muitas vezes ligados a organizações criminosas como o PCC — os criminosos podem aplicar golpes rapidamente.

Caso não seja possível o uso fraudulento do aparelho, ele pode ser desmontado para venda das peças em oficinas clandestinas, principalmente no Centro de São Paulo, ou exportado para países da África e Ásia, como Senegal, Nigéria, Gana, Índia e China. Essas regiões geralmente não têm fiscalização rigorosa para bloqueio do IMEI, facilitando a reativação dos aparelhos roubados.

Um dos principais centros dessa operação na capital é a Rua Guaianases, na Cracolândia, onde receptadores — muitos de origem senegalesa — atuam, mesmo após prisões policiais. Segundo relatos, há um líder conhecido como “Sheik” que coordena o esquema, incluindo conexões com o exterior.

A cadeia do crime funciona assim: os aparelhos são comprados por uma fração do preço original (entre 10% e 15%), utilizados para golpes ou guardados até serem exportados. O transporte para o exterior ocorre dentro de equipamentos eletrônicos em contêineres ou em remessas aéreas, normalmente enviadas como cargas não acompanhadas.

Sobre as vítimas, o estudo aponta que a maioria dos roubos e furtos atinge homens (59,1%) entre 20 e 39 anos, sendo 63% pessoas negras, e ocorre principalmente em vias públicas (79,6%) nos horários de pico da manhã e noite. Já nos casos de furto isolado, metade das vítimas são mulheres, com maior ocorrência nos finais de semana, muitas vezes em estabelecimentos comerciais, e 54,4% são negras.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que os furtos e roubos de celulares caíram 4% no estado entre janeiro e maio de 2025. Entre as ações, destacam-se operações como a Big Mobile, que já recuperou mais de 27 mil aparelhos, e o uso de uma ferramenta, em parceria com o Google, que permite o bloqueio remoto dos celulares durante atendimentos policiais.

Texto/Fonte: G1