O Departamento Federal para a Proteção da Constituição da Alemanha (BfV) passou a considerar oficialmente o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) como uma organização de extrema direita, segundo um relatório inédito de mais de mil páginas divulgado nesta semana. É a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que um partido com representação parlamentar recebe esse enquadramento.
A agência justifica a decisão com base na ideologia étnica predominante no partido, considerada incompatível com os princípios democráticos. A ministra do Interior, Nancy Faeser, afirmou que o AfD trata cidadãos com origem estrangeira como “alemães de segunda classe” e que seus discursos frequentemente promovem o racismo, especialmente contra imigrantes e muçulmanos.
Fundado em 2013 por dissidentes da conservadora CDU, o AfD ganhou força com discursos duros contra a imigração, surfando na onda de insatisfação gerada pela política de acolhimento da ex-chanceler Angela Merkel. O partido tem sido acusado de usar símbolos proibidos do regime nazista de maneira velada e de difundir ideias xenófobas sob uma fachada populista.
Apesar da nova classificação permitir maior vigilância por parte dos serviços de inteligência, a possibilidade de banimento ainda enfrenta obstáculos legais e políticos. O receio é que isso alimente o discurso de perseguição usado pelo partido e, em vez de enfraquecê-lo, amplifique seu apoio popular — atualmente empatado nas pesquisas com a coalizão de centro-direita CDU/CSU.