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Thursday, 07 de August de 2025 - 15:30:17
Setor do mel teme prejuízo de US$ 53 milhões com tarifas dos EUA e cobra medidas do governo
EXPORTAÇÃO EM CRISE

O setor brasileiro de mel enfrenta um cenário crítico com a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, principal destino das exportações do produto. A Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel) estima um prejuízo de até US$ 53 milhões em 2024 caso as medidas não sejam revertidas.

Segundo o presidente da Abemel, Renato Azevedo, as exportações para o mercado norte-americano já caíram 50% em julho e devem despencar até 80% em agosto. Em 2024, 79% de todo o mel exportado pelo Brasil teve como destino os Estados Unidos, que também lideraram as compras em 2023.

Para tentar conter os impactos do tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump, o setor vem mobilizando clientes americanos a pressionarem o Congresso dos EUA. Importadoras do produto brasileiro estão redigindo cartas para parlamentares, argumentando que a produção local de mel orgânico é mínima e, por isso, o fornecimento brasileiro é essencial. A entrega dessas cartas está sendo articulada com o apoio de parlamentares brasileiros.

Além disso, representantes da Abemel participaram de reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta segunda-feira (4), na qual solicitaram uma linha de crédito emergencial como forma de mitigar os prejuízos.

Uma das empresas já afetadas é a Minamel. De acordo com o diretor Carlos Domingues, a companhia acumula estoques de mel que precisarão ser vendidos a preços menores. “O produtor não tem margem para absorver a nova tarifa. Se o preço não cobrir o custo, será uma tragédia”, afirmou.

A situação é especialmente delicada para os pequenos produtores, já que a maior parte da produção de mel no Brasil vem da agricultura familiar. Estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Piauí lideram essa produção, mas enfrentam dificuldades adicionais. No Piauí, por exemplo, a safra 2024/25 foi prejudicada pela escassez de chuvas, e agora o tarifaço agrava ainda mais o cenário.

Janete Dias, gerente da cooperativa Comapi, que reúne cerca de mil famílias produtoras no Piauí, alerta para os impactos sociais: “Sem renda, não tem apicultura”. Ela defende a abertura de novos mercados e maior valorização do mel no mercado interno. Atualmente, apenas 30% da produção nacional é consumida no Brasil, onde o hábito de consumo ainda é limitado.

Dias aponta alternativas como a inclusão do mel na merenda escolar estadual como um passo possível, mas insuficiente diante da quantidade de produtores e da gravidade da situação. “Estamos aguardando alguma medida concreta. Vai ficar muito complicado”, concluiu.

Texto/Fonte: G1