Mesmo sob investigação judicial e alvo de sanções por comercializar bonecas sexuais com aparência infantil, a gigante chinesa Shein inaugurou nesta quarta-feira (5), em Paris, sua primeira loja física permanente no mundo. O espaço foi aberto dentro da tradicional loja de departamentos BHV, no coração da capital francesa, sob forte esquema policial e protestos de manifestantes.
A abertura, tratada como estratégica pelo BHV, ganhou destaque na imprensa local. O “Le Figaro” classificou o evento como prova de que a França está “impotente diante do tsunami chinês”, ressaltando as dificuldades de Paris e Bruxelas em regulamentar o comércio eletrônico. Já o “La Croix” destacou que o avanço de plataformas digitais força o comércio tradicional a se reinventar. Em 1920, o país tinha 850 lojas de departamentos; hoje, restam apenas 80.
A Shein, que tenta melhorar sua imagem ambiental, já recebeu na França três multas neste ano, somando € 191 milhões, por vender produtos considerados de baixa qualidade ou ilegais. Apesar das polêmicas, a empresa continua atraindo consumidores franceses pelos preços baixos e pela ampla oferta.
A inauguração provocou reações imediatas no setor têxtil. Doze marcas francesas anunciaram a saída do BHV em protesto contra o que chamam de “concorrência desleal”. As Galeries Lafayette também desistiram de abrir uma filial da Shein no interior do país. Segundo o “Le Parisien”, autoridades e associações vinham criticando o projeto desde o anúncio feito em outubro.
Fundada em 2012 na China e atualmente sediada em Singapura, a Shein é um dos maiores símbolos do modelo fast fashion. Sua chegada física a Paris cristaliza o embate entre o consumo digital e as tentativas europeias de impor limites éticos e regulatórios ao comércio online.