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Terça, 16 de abril de 2024 - 16:45:30
Silêncio Marcado: Fazendeiro Acusado de Desmate Químico no Pantanal Não Depõe Durante Interrogatório
Silêncio Marcado
Fazendeiro Acusado de Desmate Químico no Pantana

Em uma virada significativa na Operação Cordilheira, um fazendeiro acusado de realizar um vasto desmatamento químico no Pantanal optou por permanecer em silêncio durante seu interrogatório conduzido pela Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema). O pecuarista, identificado apenas pelas iniciais C.O.L., é suspeito de causar a mortandade de espécies arbóreas em uma área que abrange mais de 80 mil hectares, utilizando agrotóxicos de maneira irregular.

Durante o interrogatório, realizado por videoconferência, C.O.L. manteve-se reticente, evitando comentar sobre as acusações que incluem o despejo criminoso de substâncias químicas em vastas porções de vegetação nativa. As propriedades implicadas, todas localizadas em áreas planas e alagáveis da Bacia do Alto Paraguai, no município de Barão de Melgaço, são parte do bioma Pantanal, um Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera reconhecida pela Unesco.

As investigações revelaram que, entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, foram adquiridos agrotóxicos que totalizaram R$ 9,5 milhões em custos, conforme as notas fiscais emitidas por diversas revendedoras agrícolas. Além disso, a ação planejada de desmatamento incluiu voos agrícolas para a aplicação desses defensivos, que chegaram a custar mais de R$ 4 milhões, resultando em 240 toneladas de produtos químicos espalhados sobre a vegetação nativa.

A aplicação irregular dos herbicidas Imazamox, Picloram, 2,4-D e Fluroxipir, todos classificados como perigosos ao meio ambiente, foi confirmada através de análises em amostras de vegetação e sedimentos, que apontaram a contaminação do solo, da água e da fauna local. As substâncias, espalhadas por avião, acabaram por intensificar o dano ambiental devido à natureza alagada do Pantanal, facilitando a dispersão dos químicos pelas águas da região.

De acordo com a delegada titular da Dema, Liliane Murata, a investigação levou a multas que somam aproximadamente R$ 2,89 bilhões, marcando este como o maior valor já registrado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema). O custo estimado para reparar os danos ambientais e as penalidades aplicadas superam o valor de mercado de todas as propriedades do investigado, avaliadas em cerca de R$ 775,6 milhões.

A operação resultou também no embargo e na interdição de nove das propriedades rurais do acusado, como parte dos esforços para mitigar e reparar o extenso dano ambiental provocado. A continuidade das investigações visa garantir a responsabilização total e a recuperação das áreas afetadas.

Texto/Fonte: Fonte:Helen Oliveira/MTUOL com informações do PJC