O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (21) a abertura de um inquérito para apurar suspeitas de uso de informação privilegiada no mercado de câmbio, em operações realizadas pouco antes do anúncio das novas tarifas comerciais dos Estados Unidos contra o Brasil.
A decisão atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que identificou movimentações financeiras atípicas no dia 9 de julho. Naquele dia, por volta das 13h30, investidores compraram entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões a uma cotação de R$ 5,46. Pouco depois, às 16h17, o ex-presidente Donald Trump anunciou oficialmente uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, provocando imediata valorização do dólar. Apenas três minutos depois, os mesmos dólares teriam sido revendidos a R$ 5,60, gerando lucros milionários.
Segundo a AGU, os indícios apontam para uma possível ação coordenada com conhecimento prévio da medida americana, caracterizando insider trading — prática considerada crime no Brasil. O gestor Spencer Hakimian, da Tolou Capital Management, afirmou ao Jornal Nacional que as transações não se encaixam no padrão do mercado e indicam que o operador "sabia desde o começo" o que estava prestes a ocorrer.
A diferença nas cotações pode ter proporcionado lucro de até 50% em menos de três horas, algo extremamente incomum no mercado de câmbio. A investigação buscará identificar os responsáveis pela operação e verificar eventual acesso indevido a informações sigilosas.