O Sistema Único de Saúde (SUS) vai incorporar dois novos métodos no tratamento da endometriose: o DIU hormonal com levonorgestrel (DIU-LNG) e o anticoncepcional desogestrel. As portarias que autorizam a indicação e a distribuição dos medicamentos foram publicadas em 29 e 30 de maio, e o prazo para implementação é de até 180 dias a partir dessas datas.
A endometriose é uma condição inflamatória crônica em que tecido semelhante ao endométrio — normalmente presente dentro do útero — cresce fora dele, podendo atingir órgãos como ovários, trompas, bexiga, intestino e até os pulmões. Mesmo fora do útero, esse tecido responde ao ciclo menstrual, o que gera inflamações, dores severas e, em alguns casos, infertilidade.
Como funcionam os tratamentos:
DIU-LNG: libera hormônio localmente no útero e ajuda a suprimir o crescimento do tecido endometrial fora do órgão. É recomendado principalmente para mulheres com contraindicações ao uso de anticoncepcionais orais combinados e tem longa duração, sendo trocado apenas a cada cinco anos.
Desogestrel: atua na inibição da ovulação, interrompendo a ação hormonal que estimula o tecido endometrial fora do útero. Pode ser indicado já nas etapas iniciais, antes mesmo da confirmação diagnóstica por imagem.
Apesar de serem contraceptivos, o uso autorizado no SUS será exclusivamente para tratamento da endometriose. Para fins contraceptivos, continuam disponíveis na rede pública outros métodos como DIU de cobre, anticoncepcionais orais e injetáveis, diafragma, pílula do dia seguinte e preservativos.
Atualização tecnológica no SUS
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que essa medida representa uma modernização no atendimento público à saúde da mulher. “Esses tratamentos significam mais qualidade de vida para quem convive com a endometriose, além de refletirem o compromisso do SUS com práticas baseadas em evidências científicas”, afirmou.
Incidência da endometriose
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 5% e 15% das mulheres em idade fértil sofrem com a doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o problema atinja cerca de 190 milhões de mulheres em todo o mundo. Suas causas ainda não são plenamente compreendidas, mas podem envolver fatores genéticos, hormonais e imunológicos, além da chamada menstruação retrógrada, quando o fluxo menstrual segue em direção à cavidade abdominal.
Tratamentos já oferecidos no SUS:
Clínicos: uso de hormônios como progestágenos e contraceptivos orais, além de analgésicos e anti-inflamatórios para o alívio da dor.
Cirúrgicos: videolaparoscopia (minimamente invasiva), laparotomia (cirurgia aberta) e histerectomia (remoção do útero, em casos específicos).
Atendimento crescente na rede pública
O SUS vem ampliando o atendimento a pacientes com endometriose. Entre 2022 e 2024, houve um aumento de 30% nos diagnósticos na Atenção Primária e de 70% nos atendimentos especializados, que saltaram de 31,7 mil para 53,7 mil. As internações também cresceram 32% no período, com mais de 34 mil registros.
A nova política busca oferecer tratamento mais eficaz, precoce e menos invasivo para a população feminina afetada pela doença.