Antônio Guerra Peixe, técnico brasileiro de handebol de praia e sobrinho-neto do compositor Cesar Guerra-Peixe, passou quase dois meses no Irã antes de conseguir deixar o país em meio à escalada do conflito na região. Contratado para treinar a seleção iraniana, Antônio relata que, após ter passaporte carimbado e estar pronto para embarcar rumo à Tunísia, os voos foram cancelados devido ao tumulto causado pelos bombardeios, forçando a equipe a retornar ao alojamento da federação.
Durante os dias seguintes, ele se abrigou inicialmente em um imóvel da federação e depois em um hotel em Teerã, local considerado mais seguro para estrangeiros. Em uma ocasião, o técnico presenciou um bombardeio próximo ao hotel, sentindo um tremor no lobby, e foi instruído a se deslocar para um setor mais protegido do edifício.
Com a continuação do conflito e a restrição do espaço aéreo iraniano, Antônio buscou abrigo na embaixada do Brasil em Teerã, conseguindo apoio limitado, já que a representação enfrentava dificuldades para organizar a saída dos brasileiros. O Itamaraty informou que cerca de 200 brasileiros estão no Irã, mas não divulgou quantos estiveram na embaixada.
Sem possibilidade de sair por via aérea, a federação iraniana organizou uma viagem terrestre de mais de mil quilômetros até a Armênia, passando por múltiplas barreiras e controles. A travessia, que durou cerca de 20 horas, culminou na chegada do técnico à capital Erevan, onde recebeu assistência da embaixada brasileira local.
Antônio aguarda agora o voo para São Paulo, com chegada prevista para esta terça-feira (24), em uma passagem custeada pela federação de handebol.