A nova diretriz de cardiologia no Brasil mudou a classificação da pressão arterial e endureceu metas de tratamento. Valores que antes eram considerados “normais limítrofes”, entre 12 por 8 (120–139 mmHg sistólica e/ou 80–89 mmHg diastólica), agora passam a ser enquadrados como pré-hipertensão.

A mudança, alinhada às orientações internacionais definidas em 2024 pelo Congresso Europeu de Cardiologia, busca reforçar a prevenção. Nessa faixa, a conduta principal não é o uso imediato de medicamentos, mas ajustes no estilo de vida, com ênfase em dieta balanceada, perda de peso, redução do sal e prática regular de atividade física.

Segundo os especialistas, remédios só entram em cena em situações específicas. Pacientes com pressão entre 130/80 e 139/89 mmHg que não conseguem reduzir os níveis após três meses de cuidados não medicamentosos e apresentam alto risco cardiovascular devem iniciar tratamento farmacológico. Já pessoas com pressão a partir de 140/90 mmHg precisam, em geral, de intervenção medicamentosa.

Outra novidade é a meta de tratamento mais rígida: em vez de aceitar até 14 por 9 (140/90 mmHg), a nova orientação é que todos os hipertensos alcancem níveis abaixo de 13 por 8 (<130/80 mmHg), independentemente da idade, sexo ou presença de doenças associadas. Quando não for possível tolerar reduções tão intensas, deve-se buscar o valor mais baixo dentro da margem de segurança clínica.

O reforço nesse controle tem como objetivo reduzir complicações graves, como infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e insuficiência renal. A pressão elevada é um fator silencioso, mas responde pela maioria dos casos de doenças cardiovasculares no Brasil.

Entre as orientações práticas, ganha destaque a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), que privilegia frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura, cereais integrais, carnes magras e oleaginosas. O cardápio restringe gorduras saturadas, carnes gordurosas, grãos refinados e açúcar de adição. É uma alimentação rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, com pouco sódio, colesterol e gordura total.

As recomendações, portanto, indicam que quem tem pressão 12 por 8 não deve iniciar tratamento medicamentoso de imediato, mas precisa adotar novos hábitos para evitar a progressão para hipertensão. O acompanhamento médico regular será essencial para definir a conduta adequada em cada caso.