Em reportagem publicada neste final de semana, a revista britânica The Economist afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu influência internacional e está politicamente enfraquecido no cenário doméstico. Segundo o texto, Lula tem adotado uma política externa “cada vez mais hostil ao Ocidente”, ao se distanciar de países como os Estados Unidos e se aproximar de nações como China e Irã.
A publicação destacou que o posicionamento do Brasil em episódios como os recentes ataques dos EUA e de Israel a instalações nucleares no Irã — condenados pelo governo brasileiro — colocaram o país em desacordo com “todas as outras democracias ocidentais”.
A revista apontou que esse distanciamento deve se acentuar com a aproximação da Cúpula dos Brics no Rio de Janeiro, em que o Brasil, na presidência do bloco, terá papel central ao lado de um Irã recém-integrado ao grupo. O texto cita ainda que, enquanto a China usa o Brics como ferramenta geopolítica e a Rússia busca legitimidade internacional por meio dele, o Brasil corre risco de ver sua neutralidade comprometida.
A Economist também criticou o que classificou como uma “política externa incoerente” por parte de Lula, ressaltando que, mesmo com as mudanças geopolíticas globais, ele não buscou aproximação com o governo de Donald Trump e sequer se encontrou com o líder americano. Em vez disso, teria reforçado os laços comerciais com a China, especialmente após os EUA imporem tarifas sobre produtos brasileiros.
Além disso, a revista britânica relembrou tentativas frustradas de Lula, como a de mediar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, a ausência de ações concretas sobre a crise no Haiti e o distanciamento do presidente argentino Javier Milei, com quem Lula tem divergências ideológicas.
A análise também abordou a queda de popularidade de Lula dentro do país, em um ambiente político cada vez mais inclinado à direita. Para a Economist, o enfraquecimento global do petista é agravado por essa conjuntura interna, onde o Partido dos Trabalhadores ainda carrega o estigma de escândalos de corrupção.
Por fim, a revista conclui que, embora Lula busque protagonismo global, os EUA mantêm o Brasil à margem de seus interesses geopolíticos centrais, especialmente nos conflitos do Oriente Médio e da Ucrânia. “Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”, sentenciou o artigo.