O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, de 72 anos, vem sendo mencionado como possível governador temporário de Gaza em propostas discutidas para o futuro do enclave palestino. O plano, segundo a imprensa israelense, é parte de um projeto liderado pelo governo Donald Trump para administrar o território após a queda do Hamas. Blair teria papel de liderança na chamada Autoridade Internacional de Transição de Gaza (Gita), que poderia governar a região por até cinco anos.

De acordo com informações divulgadas, Blair estaria trabalhando em conjunto com Jared Kushner, genro do presidente americano, para estruturar o modelo de administração. Inspirada nas transições supervisionadas em Timor Leste e Kosovo, a Gita teria sua base inicial na cidade egípcia de el-Arish, no Sinai. O organograma prevê um conselho de sete integrantes e um secretariado com até 25 membros, incluindo a presença de um representante palestino, embora ainda não esteja definido se ligado ou não à Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas — considerado um ponto delicado da proposta.

A ideia, conforme detalhado em vazamentos, estabelece que não haveria deslocamento de palestinos. A missão principal seria transferir, ao final do período provisório, o poder a uma Autoridade Palestina reformulada e independente. Apesar de sua experiência internacional e trânsito político junto a Israel e a países árabes, Blair poderia enfrentar resistência da população palestina.

Blair governou o Reino Unido entre 1997 e 2007 e ficou marcado como aliado de George W. Bush na invasão do Iraque, em 2003, sob a justificativa não comprovada de armas de destruição em massa. Após deixar o cargo, atuou como enviado especial do Quarteto (ONU, EUA, União Europeia e Rússia) para o Oriente Médio, função exercida até 2015.

Atualmente, Blair preside o Instituto Tony Blair para a Mudança Global. No mês passado, participou de reunião na Casa Branca ao lado de Kushner, reforçando sua proximidade com as discussões sobre o futuro de Gaza.