O envio de tropas federais a Chicago intensificou o confronto político entre o presidente Donald Trump e os governos municipal e estadual de Illinois, ambos liderados por democratas. O governo federal deslocou cerca de 200 soldados da Guarda Nacional do Texas para a região, sob a justificativa de proteger agentes federais do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) e do Serviço de Proteção Federal (FPS) de supostos “ataques coordenados por grupos violentos”.
As tropas estão alojadas em um centro da Reserva do Exército em Elwood, a cerca de 50 km da cidade, e recebem treinamento específico para a operação. A decisão, no entanto, provocou reações duras do prefeito de Chicago, Brandon Johnson, e do governador de Illinois, JB Pritzker, que acusaram Trump de fabricar uma crise política e utilizar as forças militares como instrumento de propaganda.
Em declarações nesta quarta-feira (8), o presidente afirmou que “Johnson e Pritzker deveriam estar presos por não protegerem os agentes do ICE”, embora não haja qualquer indício de que essas prisões ocorrerão. O prefeito rebateu dizendo “rezar por Trump” e comparou suas ações às de “Vladimir Putin”, enquanto o governador classificou a operação como “teatro político”.
Para tentar limitar a presença de agentes de imigração, Johnson assinou uma ordem executiva que cria ‘zonas livres do ICE’, impedindo batidas em propriedades municipais e em locais privados que se oponham à atuação da agência. A Casa Branca classificou a medida como “doentia e perturbadora”.
O governo de Illinois acionou a Justiça para barrar o envio das tropas, mas uma juíza federal ainda não concedeu liminar, alegando necessidade de mais informações. Enquanto isso, cresce a pressão sobre a Casa Branca, já que a missão exata das tropas não foi esclarecida.
Chicago é considerada uma “cidade-santuário”, ou seja, adota políticas que acolhem imigrantes e restringem a cooperação com autoridades federais de imigração — um dos principais alvos da agenda anti-imigração de Trump em seu segundo mandato. Desde janeiro, o presidente já autorizou o envio de tropas a dez cidades americanas, incluindo Baltimore, Nova Orleans, Washington D.C., Oakland, São Francisco e Los Angeles.
Embora o republicano tenha alegado altos índices de violência como justificativa, dados oficiais mostram o oposto: os homicídios em Chicago caíram 31% até agosto, enquanto em Portland houve redução de 51% no mesmo período.
Ainda assim, confrontos entre manifestantes e agentes federais se intensificaram em cidades como Portland, onde o governo tenta reverter na Justiça decisões que barraram o envio de tropas. A governadora Tina Kotek afirmou que “não há nenhuma insurreição” no estado e que o Oregon está unido contra o policiamento militar.
Enquanto isso, o Departamento de Segurança Interna, liderado por Kristi Noem, defende o aumento da presença federal em centros do ICE e promete reforçar a segurança caso autoridades locais não o façam. O cenário reforça o clima de tensão que marca a política americana sob o segundo mandato de Trump.